É nesse cenário que causa, no mínimo, estranheza o anúncio espalhafatoso de mais um ofício do senador proprietário do império de comunicações, conhecido por suas publicações de veracidade duvidosa, reclamando autoria de “Edital de Chamamento Público”, expedido pelo Gabinete do Ministro dos Transportes, com objetivo de receber estudos para a concessão da BR-316 da “divisa dos Municípios Belém/Ananindeua, até o entroncamento com a BR-308 (Capanema)”. Ou seja, transferindo para a iniciativa privada o direito de manifestar interesse sobre um trecho que o Estado vem solicitando há algum tempo e que está pronto para realizar a obra, contando até com consultoria japonesa, conforme mencionado.

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Parágrafo acima foi extraído de um post do governador Simão Jatene, publicado no Facebook dele, denunciando a suposta mobilização do senador Jader Barbalho (PMDB)  contra o projeto de urbanização da rodovia BR-316 (fotos), idealizado pelo Estado em parceria com a  Jica, empresa de consultoria japonesa.

O tema, aliás, foi alvo de muitas críticas, durante toda a semana, nas redes sociais, recheadas de comentários condenando a proposta  de Barbalho de privatizar a rodovia numa área caracterizada mais como uma via urbana, do que autoestrada.

Jatene vem à público, batendo  pesado, ao declarar  explicitamente o objetivo exclusivo do senador peemedebista criar dificuldades jurídicas para o implemento do projeto do governo estadual.

Leiam a íntegra do post do governador:

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Simão Jatene

17 h · 

Facebook Mentions

Amigas e Amigos,

Existem algumas postagens que gostaria de não precisar escrever mas, lamentavelmente, até pelo dever de informar e esclarecer, devo fazê-la e esta é uma delas.

Todos sabem que, há um bom tempo, o Governo do Estado vem trabalhando no sentido de construir alternativas que permitam reduzir o congestionamento na entrada e saída de Belém, cada dia mais crítico.

A avenida Independência, cuja primeira etapa foi construída no nosso primeiro mandato e a segunda concluída recentemente, é um bom exemplo. Por outro lado e com o mesmo objetivo, tivemos coragem de avançar no prolongamento da Av. João Paulo II, na sua etapa mais difícil e, atualmente, mesmo diante das dificuldades, o novo trecho já está completamente aberto e com a base pronta para receber asfalto. Fatos inegáveis que se impõe à qualquer discurso.

Entretanto, dentre esses projetos, existe um em especial, que já consumiu muita energia e esforço e engloba uma intervenção mais direta na própria BR-316, que todos sabem há muito não recebe tratamento adequado e a cada dia está mais precária e perigosa. Refiro-me ao BRT Metropolitano, que vai do Entroncamento, entre Belém e Ananindeua e segue até Marituba.

Concebido com apoio da agência japonesa de cooperação JICA e financiado pelo próprio governo japonês, o BRT Metropolitano, após muito trabalho e autorização do Senado, graças ao equilíbrio do Estado, teve seu financiamento assinado em Tokyo em setembro de 2012. A partir de então foram elaborados os projetos executivos e solicitadas as licenças para sua construção, dentre as quais a do Ministério dos Transportes, por se tratar de intervenção numa rodovia federal.

Amigas e amigos,

Certamente qualquer pessoa deve imaginar que essa seria a parte mais fácil, uma vez que o governo federal além de não ter qualquer despesa, foi quem autorizou, no passado, antes das últimas eleições, que o Estado contraísse a operação de crédito para a realização da obra. E, para confirmar essa expectativa, o próprio ministro dos Transportes afirmou, em junho de 2015, que esse procedimento seria simples e concluído em cerca de 30 dias. Porém, aí começa a parte lamentável dessa história.

Após quase um ano de idas e vindas a ministérios, ofícios encaminhados solicitando a licença, promessas e novas manifestações, inclusive públicas, do próprio ministro – como a ocorrida no Fórum dos Governadores da Amazônia, realizado em Manaus no ano passado – a licença para o Estado ainda não foi concedida, levando a suspeitar, mesmo que não se queira acreditar, que só interesses contrários ao Estado podem estar impedindo a liberação da mesma.

Amigas e amigos,

É nesse cenário que causa, no mínimo, estranheza o anúncio espalhafatoso de mais um ofício do senador proprietário do império de comunicações, conhecido por suas publicações de veracidade duvidosa, reclamando autoria de “Edital de Chamamento Público”, expedido pelo Gabinete do Ministro dos Transportes, com objetivo de receber estudos para a concessão da BR-316 da “divisa dos Municípios Belém/Ananindeua, até o entroncamento com a BR-308 (Capanema)”. Ou seja, transferindo para a iniciativa privada o direito de manifestar interesse sobre um trecho que o Estado vem solicitando há algum tempo e que está pronto para realizar a obra, contando até com consultoria japonesa, conforme mencionado.

Sem pretender qualquer juízo de valor, ou mesmo entrar na raivosa “resposta” que o senador tentou dar à uma matéria publicada em O Liberal, jornal que o senador chega a dizer, inclusive, ser de minha propriedade, ainda que todos saibam que isso não tem qualquer fundamento a não ser destempero, me sinto no dever de lembrar e alertar a todos os paraenses sobre alguns pontos.

Antes de tudo, quero deixar claro que não tenho qualquer intenção de reeditar quizilas que parecem agradar ou mesmo constituir a forma de fazer política do senador. Aprendo com a história e sei que não foi bom para o Estado a briga que o mesmo protagonizou de forma mais ou menos virulenta e grotesca contra os ex-governadores Alacid Nunes, Hélio Gueiros, Almir Gabriel e, aliás, com todos aqueles que não se submeteram aos seus desejos políticos e anseios de poder.

Amigas e amigos,

De pouco adianta envelhecer sem amadurecer. E o tempo tem consolidado minha descrença em liderança única, partido único ou algo que o valha. Pelo contrário, a cada dia mais procuro respeitar o indivíduo enquanto ser coletivo que admite e convive com as diferenças, convencido que a vaidade de SER e a ganância de TER, atrapalham a grandeza do FAZER.

Num momento de grave crise como o atual, quando mais que nunca precisamos de investimentos que gerem emprego e renda, por que não conceder a licença para que o Estado, que já tem projeto e dinheiro, possa licitar e realizar a obra, reduzindo o sofrimento de milhares de paraenses que utilizam esse trecho?

Por outro lado, cabe perguntar, qual o sentido de incluir nos estudos para privatização um trecho eminente urbano como o que vai de Belém a Marituba? Como cobrar pedágio numa via que hoje é mais uma avenida do que auto-estrada?

Amigas e amigos,

Mais do que tentar confundir a população, pretendendo desqualificar o BRT Metropolitano, a partir do malfadado projeto da Almirante Barroso, cuja concepção e construção nada teve ou tem com o Governo do Estado, e que só resta à atual gestão municipal “remendar”, o mais correto era reconhecer o equívoco e ajudar a implementar o projeto, sem medo das próximas eleições. O Brasil está cansado de mesquinhez, precisa de grandeza que faça jus ao seu território e ao seu povo.