De Canaã dos Carajás, a colaboradora  Maria Julinha  de Adelaide  nos conta o perfil da Câmara Municipal local, cujos vereadores representam o que há de mais atrasado na política paraense.

Leiam a narrativa da colaboradora:

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Seria cômico, se não fosse trágico

 

– Maria Julinha de Adelaide

 

 

Não existe nada mais patético em Canaã dos Carajás do que ir às sessões plenárias da Câmara Municipal. Alguns vereadores são leigos no que se refere à política. Outros, se consideram  mais importantes do que seus pares. Mas todos, sem exceção, são totalmente analfabetos funcionais e de uma descompensação patológica.

Essa  é a principal marca do legislativo canaense.

Quando vão falar de alguém,  quase nunca mencionam o nome diretamente da pessoa, sempre falam nas entrelinhas, como se eles pensassem que o povo é apolítico e burro,  como a maioria deles.  É nessa hora que vejo que nossos edis se titulam como a maior expressão política do município de Canaã.

Para nossos vereadores exercerem o seu papel, é fato rara. Falar sem cunho de conhecimento, é o que eles sempre fazem.

Na tarde de segunda-feira, 12, fazendo  uma visita aquela Casa  após algumas semanas, percebi que os vereadores em nada evoluíram, não sabem sequer apresentar uma fundamentação consistente.

Em nossa Câmara tem de tudo.

Desde o “Criatura”, (eu nunca vi um apelido mais apropriado à pessoa), à Tatiane Gaspar; que por ser a única mulher eleita deveria representar a força feminina, mas é exatamente o contrário.

Sempre que me faço presente às sessões legislativas, nunca ouvi o som da voz daquela jovem mulher.

Temos, também, de lambuja, o vereador Omilton, que eu  nunca entendi a linguagem usada por ele naquele recinto, é mais enrolado do quer língua de papagaio, e que só existe politicamente para a maioria da população do município como envolvido na quadrilha do Pronaf.

Ouvir insultos à língua portuguesa e os disparates dos vereadores em suas falas, chega a ser cômico se não fosse trágico.

Ouvir expressões do tipo  “as imbulâncias”, deferidas pelo vereador vulgo “Penteado”, ou  as “pracas de trânsito”, pelo vereador “Grilo”  -, é fazer dos ouvidos do povo um verdadeiro pinico, pois a defecação verbal é geral.

Se a gente contar essas coisas por ai. ninguém acredita.

A maioria dos vereadores de Canaã, não tem  noção do que é legislar, nem ao menos os protocolos de procedimentos das  sessão legislativas. Eles confundem grande expediente com considerações finais e por ai vai.

Na falação de segunda-feira assistida por nós, uma coisa  ficou notória  em relação à distribuição de títulos de honrarias: pessoas desconhecidas que vem ninguém sabe da onde, são agraciadas pela Câmara como cidadão da terra “canaense”. Um dos casos aconteceu com certo rapaz que chegou fazendo maior barulho na cidade há uns três anos  atrás, e agora está metido em falcatruas até o pescoço.

O jovem rapaz até anda sumido das ruas da cidade, do comércio, onde ele adorava passear e soltar o bordão “Cê tá feliz”. Também pudera, andou registrando títulos ilegais de áreas públicas, que foram vendidos para terceiros.

Com tudo isso  diante de nosso nariz, a sociedade tem que ver que o legislativo não tem o menor sinal de compromisso e respeito no trato com a coisa pública.  O próprio presidente da Câmara, Walter Diniz, recentemente expulso do PPS, falou das áreas publicas,  vendidas e legalizadas. Ou seja, o vereador que é o fiscalizador, deixou as coisas correrem frouxo e ainda contribuiu para a cessão de títulos que Cidadão Honorário para quem fez esse tipo de coisa.

A população de Canaã dos Carajás precisa se libertar  dessas amarras enferrujadas do atraso, da escuridão e do “progresso” pelo qual passamos há 16 anos, precisa fazer uma faxina na qualidade de nossos representantes políticos.

É necessário fazer uma varredura nesse lixo nocivo , que tanto atrasa o verdadeiro desenvolvimento do município.