Objetivar a solução de conflitos diversos por meio da criatividade e sensibilidade a partir da escuta é umas das premissas utilizadas nas ações promovidas pelas coordenações de Biopsicossocial e Reinserção Social do Centro de Recuperação Feminino (CRF), de Marabá, em conjunto com o Fórum Permanente de Mulheres de Marabá.

Nesta quarta-feira (8), internas participaram de um círculo de conversa e oficina sobre saladas em prol de uma alimentação saudável.

A exemplo das benfeitorias promovidas pelas ações voltadas à reinserção, Cleatriz Lobato, de 26 anos, conta que, na unidade, teve a possibilidade não apenas de concluir seu ensino fundamental e médio como pôde realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e, agora, sonha com o curso de direito em um futuro fora do cárcere e passível de dignidade e cidadania.

 

“Estou aproveitando as chances que estão sendo ofertadas. Estou aqui há 6 anos e quero mudar de vida quando sair daqui. Essas ações são muito boas e necessárias“, destaca Cleatriz Lobato.

 

No mês de janeiro, a programação ocorre semanalmente e conta com cursos culinários diversificados a cada semana, como de preparação de saladas, massas e de carnes.

Na última semana, haverá o enfoque maior no lazer e esporte, com aula de zumba às apenadas.

Voltado à reinserção social e melhora na qualidade de vida no cárcere, a SEAP e o Fórum Permanente de Mulheres de Marabá oferecem uma programação que agrega justiça restaurativa, cursos de capacitação, palestras, além de atividades voltadas à resolução de conflitos e promoção de bem-estar para as internas.

Para Elaine Nunes, conselheira no fórum, o programa é um agregador. “Agrega todas as mulheres que passam a contar com o aconselhamento e exemplo da experiência de vida desta para que se identifiquem e tenham, também, força para seguir a vida de uma outra forma”, afirma.

Outro aspecto de destaque na programação é a justiça restaurativa.

Nesta, a escuta é priorizada para a solução de conflitos externos e internos, como destaca Gilmara Neves, coordenadora geral do Fórum e diretora nacional da Kolping do Brasil, uma das instituições parceiras na ação.

“Fazer com que a pessoa se posicione mediante sua própria realidade e construa a mudança que necessita é muito importante. Uma detenta, privada de liberdade, ao reconhecer que o sistema lhe dá uma outra oportunidade de descobrir seus direitos, mostra que o sistema penal está fazendo o seu papel e contribuindo com a sociedade a partir da responsabilidade por fornecer novas oportunidades de construção e reconstrução”, afirma.