Recebendo apoio e solidariedade de seus colegas do parlamento diante da perda recente da irmã, falecida em Araguaína vítima de um câncer, o presidente da Câmara Municipal de Marabá, Pedro Corrêa,  fez um relato da luta travada para tentar conseguir uma vaga no Hospital Ophir Loyola, em Belém, objetivando assegurar o tratamento da enferma.

Em discurso no plenário, Pedro  lembrou também da luta que a comunidade do município vem travando para tentar  obter do governo do Estado a implantação de uma ala de Oncologia no Hospital Regional de Marabá, desde o ano 2005.

Internada num Hospital Regional de Araguaína/TO, Ana Lúcia Corrêa (na foto, ao lado de Pedro Correa) permaneceu exatamente um ano submetida a tratamento de quimioterapia.

Em um dos trechos de seu discurso, Pedrinho Correa disse:

“Foram momento difíceis, porque, como todos sabem, não temos tratamento de câncer no município de Marabá. Quero deixar claro que não estou aqui para falar da minha dor, mas para falar das dores de muitas pessoas que sofrem, também, necessitando desse tratamento da doença em nosso Município.

“Olhando a série histórica dentro da Secretaria de Saúde de Marabá a maior demanda de emissão de TFD, Tratamento Fora do Município, é o encaminhamento para tratamento de câncer.

“Algumas pessoas me perguntam porque minha irmã foi fazer seu tratamento em Araguaína/TO. Pois bem, ela foi parar em Araguaína porque, mesmo morando em Santa Isabel, a 28 Km de Belém, ela fez o cadastro dela no  núcleo de Regulação do Hospital de referência em oncologia, Ophir Loyola, esperou três meses para ser chamada, já estava detectado que ele tinha câncer com metástase, ou seja, precisava do tratamento urgente.

“Foi então que procurei uma pessoa  que eu preciso agradecer muito, o Dr. Rodolfo Amoury,  conceituado oncologista, em busca de sua opinião, sabendo que minha irmã precisava urgentemente de tratamento,  já que aguardava havia três meses, sem ser chamada pelo Hospital Ophir Loyola

Pois bem, ele orientou que eu encaminhasse minha irmã para um hospital público de Araguaína, já que ali a fila no núcleo de Regulação era zero. Fiquei em dúvida, e  lhe fiz a pergunta:

 

– Doutor, o senhor tem certeza que se eu levar minha irmã para Araguaína, hoje mesmo ela será atendida? Ele confirmou, e imediatamente  conduzi minha irmã até aquela cidade. Isso foi há um ano.

No mesmo dia, contou o parlamentar em seu discurso, Ana Lúcia foi atendida no hospital público de Araguaína, internada e teve início o  tratamento de quimioterapia, que exigia a presença dela no hospital a cada quinze dias.

Em nenhum momento, narra Pedro Corrêa, houve qualquer tipo de atraso na aplicação do tratamento.

Pedro diz ainda que o Hospital Regional de Araguaína não tem a qualidade  do Hospital Regional de Marabá.

“Aquele hospital do Estado do Tocantins tem as suas deficiências, tem as suas mazelas,  mas uma coisa muito importante e relevante dentro de qualquer unidade de saúde, é o atendimento. E isso nós tivemos 100% de atendimento de qualidade. Todos os dias, a minha irmã e os outros pacientes que se encontravam internados naquele hospital de Araguaína, recebiam visitas de psicólogos, nutricionistas, cardiologistas, fisioterapeutas, de dentistas, enfim, uma gama de profissionais. Parecia que minha irmã era parente daqueles profissionais daquela unidade de saúde”.

Pedro Correa usou seu pronunciamento para cobrar a implantação de serviços de oncologia no Hospital regional Sudeste do Pará.

“Eu acho que tem de ser um desafio da Câmara Municipal de Marabá: é inadmissível o município do porte de Marabá não ter serviços de oncologia no Hospital Regional  do  Sudeste do Pará, aqui em nossa cidade, que tem 300 mil habitantes. Araguaína tem uma população de 143 mil habitantes, conforme último censo, ou seja, a metade de nossa população.

“Isso culpa de quem? Minha?  Do governo anterior? Do atual? Não! Não estamos aqui querendo buscar culpados. Nós precisamos fazer com que a oferta de tratamento de câncer, no Hospital Regional de Marabá, seja uma demanda e um desafio pra todos nós, não só político, mas como cidadãos desta cidade. Nós precisamos ter esse tratamento oncológico aqui no Regional, para que possamos dar mais dignidade às pessoas que passam por momentos muito difíceis. E ai as vezes a gente precisa estar numa ala de um hospital   onde estão pessoas em estado terminal para que a gente possa vivenciar e sentir quanto as pessoas  sofrem e fazem de tudo para tentar sobreviver”.

“Eu quero fazer esse compromisso e um desafio para que a Comissão de Saúde da Câmara Municipal, e demais vereadores, possamos ir até o governo do Estado. Não apenas exigir, mas também participar de um processo de parceria voltada para a conquista de uma ala de oncologia no Hospital Regional de Marabá”

“Finalizando, quero relembrar um fato. Em 2015, quando o então secretário do Estado de Saúde, Fernando Dourado, veio fazer uma reunião para mostrar como seria o Hospital Regional de Marabá, naquela época em fase de implantação, e eu era secretário de Saúde do Município. A então vereadora Vanda Américo fez um questionamento, indagando porque  não se cogitava o tratamento de câncer no futuro hospital. Ou seja, lá nos idos 2005;  já estamos em 2019,  e até hoje nada de se implantar a especialidade de Oncologia no HR”.

“A partir de agora, então, espero que tenhamos mais eficiência em nossa cobrança e coloquemos essa luta como prioridade: tratamento de câncer no Hospital Regional de Marabá, o mais rápido possível”, encerrou o parlamentar.