Um desvio que pode chegar a R$ 750 mil está sendo investigado pela Polícia Federal no município de Acará, nordeste do Pará, envolvendo a prefeita Amanda Martins (PSDB) e sua mãe, a ex-prefeita Francisca Martins.

A operação “Ladrilhar”, da PF, foi deflagrada nas primeiras horas desta quinta-feira, 14.

O objeto dos recursos desviados seria a recuperação de estrada vicinal no município, mas o serviço não foi feito, conforme perícia da PF.

A operação envolve 34 agentes cumprindo sete mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal Regional Federal de 1º Região.

As investigações da PF descobriram que os gestores emitiram notas fiscais frias para os pagamentos do que seriam as obras da estrada vicinal do Alto Acará, mas a perícia atestou que os serviços não foram realizados, mas que os recursos foram parar nas contas de pessoas relacionadas com a prefeita, Amanda Martins, e sua mãe, Francisca Martins, ambas envolvidas em diversas denúncias de corrupção.

A PF aponta a gestora e sua mãe, ex-prefeita que na prática nunca deixou de interferir na gestão de Acará, como membros de possível “associação criminosa, corrupção passiva, crime de responsabilidade de prefeitos e fraude processual”, descreveu a nota da PF, sobre a operação “Ladrilhar”, que significa assentar ou revestir com ladrilhos.

Neste caso, em referência à pavimentação que deveria ter sido feito na estrada do Alto Acará.

Há menos de um mês a Polícia Civil do Pará deflagrou, no último dia 16 de outubro, a primeira fase da Operação Peixe Grande, contra as duas gestoras do município de Acará.

Na ocasião a PC informou que a operação resultou das investigações do Inquérito Policial para apurar denúncias de possíveis fraudes em licitação, sobrepreço, corrupção ativa, corrupção passiva, nepotismo, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Na operação foram encontrados indícios suficientes de autoria e participação para o decreto da prisão temporária de 4 pessoas, que não tiveram os nomes divulgados na época, mas informações não oficiais davam conta de que entre os nomes estaria o de Francisca Martins.

Outros 18 mandados de Busca e Apreensão foram decretados, incluindo a sede da Prefeitura Municipal e suas Secretarias.

O inquérito investigou fatos relativos à suposta fraude na licitação do Lixo Urbano, à licitação da Assessoria Jurídica, licitação do Lixo Hospitalar e sobre uma suposta fraude na licitação do Transporte.

Francisca Martins foi prefeita de Acará por vários mandatos, e ainda hoje, embora cumpra expediente na Assembleia Legislativo do Pará (Alepa), atua diretamente na gestão da cidade, comparecendo inclusive a agendas políticas ao lado de sua filha Amanda Martins.

Ainda entre os anos de 2005 e 2007 o Ministério Público Estadual apurava, à época, desvios de dinheiro por parte da então prefeita dos recursos que seriam para a obra do trapiche da cidade, onde na época foram ficadas umas madeiras e a obra foi abandonada.

Quando a reeleição foi proibida, Francisca passou a inserir os filhos na política, e nesse caminho, Amanda Martins, que não tinha mandatos anteriores, se tornou prefeita sem residir de fato em Acará. Segundo fontes do Portal, Amanda Martins reside em um condomínio de alto padrão na capital paraense.