Jair Farias, ao lado da esposa Theresa (E), recebendo das representes da Superintendência do Patrimônio da União (D),  Termo da Regularização Fundiária do município de Sítio Novo.
Jair Farias, ao lado da esposa Theresa (E), recebendo das representes da Superintendência do Patrimônio da União (D), Termo da Regularização Fundiária do município de Sítio Novo.

 

 

Sem demonstrar nenhum sentimento de vaidade diante das pesquisas realizadas em Sítio Novo do Tocantins, apontando-o como o prefeito mais bem avaliado do país, neste ano de 2015, Jair Farias conversou com o blogueiro por mais de uma hora, falando de sua gestão, das dificuldades que enfrenta para gerir um município de pequeno porte e com o mínimo de arrecadação própria.

O resultado da pesquisa do Instituto Skala, de Palmas, que indica a sua popularidade encaixada em 88%,  não lhe subiu a cabeça.

“Essa avaliação positiva é fruto de trabalho, muito trabalho, respeito aos moradores de nossa cidade e, principalmente, ao nosso perfil de extrema humildade. Os cargos passam, mas a vida permanece. Temos que ter humildade para celebrar bons momentos, como este apontado pela pesquisa, sabendo que qualquer decisão tomada de forma equivocada, coloca todas as conquistas a perder”, comenta, ao falar da pesquisa.

Quem anda meia hora pelas ruas de Sítio Novo acompanhando o prefeito, constata  a popularidade dele, por onde passa.

Não é exagero afirmar: ele trata praticamente todos os moradores pelo nome.

Para o carro, desce, abraça populares, pergunta por seus parentes, promete fazer uma visita à família, e toca prosa e prosas, sempre bem humorado.

As crianças, quando o veem no meio da rua, vão correndo abraça-lo.

“É o convívio diário com minha gente. Minha família veio pra cá na década de 1970, crescemos vendo todo mundo crescer ao mesmo tempo. Raramente esqueço o nome das pessoas, e quando isso ocorre,  me sinto mal, porque o hábito de chamar cada um pelo nome mostra o tanto que eu sou gente igual a eles”, explica.

Do bate-papo com o prefeito, o blog gravou a entrevista que segue:

 

Como você recebeu a notícia de pesquisa  lhe apontando como o prefeito mais bem avaliado do Brasil.

Jair-Muita tranquilidade. Não tufei o peito e nem perdi o equilíbrio de minha humildade. Essa avaliação positiva é fruto de trabalho, muito trabalho, respeito aos moradores de nossa cidade e, principalmente, e de nossa humildade. Os cargos passam, mas a vida permanece. Temos que ter humildade para celebrar bons momentos, como este apontado pela pesquisa, mas sabendo que qualquer decisão tomada de forma equivocada, coloca a perder todas as conquistas.

Em segundo mandato, a legislação impede nova candidatura sua à prefeitura. A pesquisa do Skala aponta também a intenção da comunidade desejar um candidato que dê prosseguimento a tudo o que você fez, cerca de 79% da população assim deseja. É uma forte tendência de que o nome endossado pelo atual prefeito deve ganhar a eleição com certa facilidade. O senhor entende assim?

Jair- Com toda a sinceridade, ainda não pensei nessa questão de minha sucessão, Tenho até maio do ano que vem para começar a tratar disso. Hoje, a minha atenção está voltada para terminar obras programadas e em execução. Agora, a pesquisa realmente mostra uma tendência segundo a qual  sou um forte cabo eleitoral para decidir a eleição de 2016, só que em política as coisas não funcionam assim. Tudo que está às mil maravilhas hoje, pode não ser o mesmo amanhã. Vamos com calma, fazer as coisas acontecerem na hora que devem acontecer.

Qual o segredo para um prefeito acumular tanta popularidade, chegando próximo a unanimidade?

Jair- Muito trabalho,  e colocar o chapéu somente aonde a mão alcança. Tenho consciência de que administro uma prefeitura de pequeno porte, e que tudo tem de ser regrado. Se eu não tivesse essa percepção, não teríamos chegado até aqui avaliados positivamente. A gente trabalha gastando apenas o que tem. Seria muito irresponsável se seu fizesse frentes de trabalho  com um caixa aquém das ações demandadas. Zelamos pelos pagamentos em dia de servidores, fornecedores, empreiteiros e prestadores de serviços. O segredo passa por aí.

Formadores de opinião de Sítio Novo, com quem eu já conversei, costumam dizer que você gosta muito de ouvir segmentos da sociedade, antes de tomar decisões. Age sempre assim.

Jair- Claro, às vezes não dá para fazer consultas, mas é agradável ouvir aqueles com quem convivemos diariamente. A participação da sociedade na administração pública emerge como forma de garantir a legitimidade de nossa gestão. Eu acredito muito naquilo que prega a participação dos cidadãos na formulação e implementação de políticas públicas, porque as tornam mais eficientes do que os governantes individualistas, fechados -, em razão da sustentabilidade política e legitimidade que logram para os seus programas de ação.

Uma vez você revelou a mim suas preocupações com o desenvolvimento não apenas de Sítio Novo, mas dos demais municípios da região do “Bico do Papagaio”. Pode explicar melhor suas reflexões?

Jair –Fala-se muito no “Bico do Papagio”, anunciam-se planos mirabolantes para estimular novas perspectivas, só que as ações pouco aparecem. Seminários, congressos, workshops, e todo tipo de encontros são realizados com belos discursos, mas depois não consigo enxergar nenhum programa em execução voltado para estimular o desenvolvimento socioambiental sustentável, para promover atividades que gerem empregos, capacitação profissional, educação ambiental, esporte e cultura em harmonia com o meio ambiente.

Todos os países e suas cidades mais desenvolvidas no mundo encontraram o caminho da vida digna a partir dessas questões.

Quem percorre nossas cidades situadas às margens dos rios Araguaia e Tocantins, mesmo que tenha o mínimo de sensibilidade para esses temas, descobre de cara os potenciais turísticos e logísticos, diante das potencialidades hídricas à nossa frente.

Pegue o carro e faça um tour, a partir de Tocantinópolis, passando por Itaguatins, São Miguel, Praia Norte, Sampaio, Carrasco Bonito, Buriti, São Sebastião, Esperantina e Araguatins, apenas para citar algumas cidades margeadas pelos nossos caudalosos rios. É muito desperdício de riquezas naturais! O Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. Isso tudo nós temos em nossas cidades ribeirinhas.

Por que então ninguém avança nessa área, criando polos turísticos verdadeiramente estruturados para tal?

Jair – Porque não se faz Turismo sem recursos. Porque Turismo requer infraestrutura, estradas decentes, hotéis com boas estruturas, treinamento de pessoal, melhoria do aspecto urbano das cidades. Turista quando sai de casa para conhecer uma praia ou uma região vocacionada para a prática de atividades de lazer, ele quer conforto, ser bem atendido, saber que a rodovia por onde seu  carro vai percorrer está em  condições de trafegabilidade. E cada ação dessa desenvolvida traz oportunidades de emprego e renda. Os polos turísticos têm prioridade para investimentos do setor público e privado, mas a implantação de polos dessa natureza depende de planejamento, envolvimento das comunidades locais, conservação dos atrativos naturais e investimentos em infraestrutura, equipamentos e serviços turísticos.

Quais seriam as cidades que comporiam esse polo turístico, no Bico do Papagaio?

R- Já falei anteriormente: Tocantinópolis, Itaguatins, São Miguel, Praia Norte, Sampaio, Carrasco Bonito, Buriti, São Sebastião, Esperantina e Araguatins

Bastaria estimular o polo turístico, ou a Região do Bico tem outras atrações econômicas?

Jair – Nós somos uma região rica, principalmente se considerarmos o tamanho de nosso rebanho bovino. Fala-se em atrair o capital privado para instalação de um moderno frigorífico. É perfeitamente possível atrair empreendedores para esse tipo de projeto, aqui na região. Nunca devemos esquecer do Eco Porto em construção em Praia Norte, que servirá de modal para o escoamento da produção econômica regional.

Você defende também a instalação de agroindústrias, pensando até em despertar o interesse dos agricultores de Sítio Novo para a criação de cooperativa objetivando esse fim. Como funcionaria?

Jair– Nós temos um projeto piloto em nosso município formado por alguns pequenos assentados com objetivo de exercitar o  plantio de frutíferas de várias espécies. Desse modelo, idealizamos a montagem de uma cooperativa que, num futuro próximo, trataria de montar uma pequena agroindústria para produção de polpas e sua comercialização. Um trabalho coletivo, que servirá de aprendizado. É a partir dessas pequenas células que vão surgindo os futuros  grandes negócios. E por que não pensar em estimular a criação de um polo de agroindústrias, com outras cooperativas criadas em São Miguel, Axixá, Augustinópolis e demais municípios? Podemos ter ainda um polo de hortigranjeiros, formado por pequenos produtores, suas famílias, para produção em escala.

O que falta para tudo isso se tornar realidade?

Jair- Falta protagonismo político, correr atrás, qualificar nossa representatividade em Brasília e em Palmas, com pessoas comprometidas e enfiadas até o talo nesses projetos. Olha, quando eu assumi  a Prefeitura, coloquei na cabeça que antes de terminar minha gestão, conseguiria  sacramentar a Regularização Fundiária de Sítio Novo. Fiz acampamento em Palmas e Brasília,  junto a Secretaria do Patrimônio da União, passava dias naquelas duas cidades, buscando abrir canais para viabilizar a sonhada Regularização. Depois de muita luta, conseguimos! Foi o maior presente que eu poderia dar aos nossos irmãos sitionovenses. Com protagonismo político, tudo é possível.

Terminando sua missão à frente da Prefeitura de Sítio Novo, qual seus objetivos imediatos?

Jair-Primeiramente, tirar pelo menos um mês de férias. Faz tempo que não sei o que é isso, descansar ao lado da família sem outras preocupações. Todo dia, minha agenda começa às cinco horas da manhã, quando acordo, e vai até tarde da noite. Depois vou ver o que farei da vida.

Não pensa em candidatar-se a um cargo legislativo, em 2018?

Jair- Pode ser um caminho, mas isso ainda não está em meus planos. Tenho recebido estímulos de muitas pessoas para tentar uma cadeira na Assembleia Legislativa. É uma ideia que não descarto, desde que eu receba o apoio das lideranças de minha cidade e dos amigos do Bico do Papagaio. Como sou um sonhador, e idealizo ver nossa região como uma das mais promissoras do Brasil gerando oportunidades para todos, vejo o Legislativo como palco ideal para a gente lutar por todas essas divagações que acabamos de fazer a respeito de desenvolvimento regional. O futuro a Deus pertence.