Faltou pouco, muito pouco, para as populações de Belém e de cidades do corredor  Sudeste-Nordeste paraense ficarem desabastecidas de carne.

O motivo foi o movimento de donos de caminhões “gaiolas”, especializados no transporte de gado vivo, que bloquearam as rodovias PA-150, em Goianésia, e a BR-222, logo depois de Morada Nova, em Marabá, sentido Rondon do Pará (foto acima).

Nas interdições, “grevistas” impedem a passagem de caminhões “gaiolas” e  transportadores de gado abatido, ou seja, devidamente climatizados em  veículos dotados de câmeras frigoríficas, que não tem nada a ver com o segmento do caminhão boiadeiro.

Os manifestantes reivindicavam aumento no valor do frete.

Os dois bloqueios duraram exatamente oito dias, encerrados ontem, segunda-feira, 26.

Se a manifestação dos donos de caminhões “gaiolas”  ficasse estritamente focada na obstrução da passagem exclusivamente dos “boiadeiros”, livrando a passahem do restante, mais do que justa a movimentação.

Só que os organizadores dos bloqueios decidiram proibir a passagem dos carros frigoríficos, causando prejuízos imensos a seus abatedouros cuja maioria das cargas se perdeu ao longo dos dias parados.

Para quem não sabe, 60% do gado consumido em Belém e em outras cidades ao longo da BR-222 e PA-10 são originários do Sudeste e Sul do Pará.

Há cálculos de que Belém correu sério risco de ficar desabastecida, caso o bloqueio das duas rodovias continusse por mais três dias.

Como foi uma “greve” restrita a um segmento da economia, cujas negociações poderiam ter se estendido diretamente com seus patrões, é preciso destacar publicamente a omissão das autoridades paraenses, que a tudo assistiram ao longo de oito dias, sem nada fazerem para tentar desobstruir as rodovias.

O Estado deveria ter tido uma postura mais  firme em relação ao caso, analisando o risco de desabastecimento que corria os moradores da capital e a punição a outros segmentos da economia que nada tinham a ver com a questão,  como é o caso dos transportadores de gado em câmeras frigoríficas.

Caminhões frigoríficos interditados em postos de gasolina, aguardando a abertura das rodovias.