Eclusa 2: defeito paralisa transposição do rio.
Eclusa 2: defeito paralisa transposição do rio.

A câmera  2 das eclusas de Tucuruí não está funcionando.

Um problema técnico ocorrido  na parte hidráulica do elevador, distante  5 quilômetros da eclusa 1, paralisou a transposição do rio.

O problema já é antigo, mas só chegou ao conhecimento público na sexta-feira, 29, quando 30 expedicionários da viagem de jet-ski no trecho Marabá-Belém, chegaram ao local para realizar a última transposição de 32 metros.

A população de Tucuruí, vendo a frenética movimentação de camionetes transportando jetskis do canal intermediário até a jusante da barragem, veio logo a tomar conhecimento de que a câmera 2 não havia feito a transposição dos viajantes.

A transposição inicial da cota 52,  à montante da barragem, através da eclusa 1, foi feita normalmente.

Em 30 minutos, os aventureiros saíram do Lago de Tucuruí, descendo para a cota 32, onde existe um canal intermediário de 5 km ligando as duas eclusas.

Os integrantes da caravana já sabiam do problema.

Foram comunicados da ocorrência 24 horas antes da viagem, quando as motos aquáticas e um jetboat já estavam sendo transportados para Marabá, em duas “cegonhas” e uma carreta.

Embora soubessem  das dificuldades que encontrariam para transpor seus equipamentos do canal intermediário até o nível normal rio, a viagem foi mantida.

Os expedicionários chegaram à barragem exatamente às 15 horas, na sexta-feira, 29 – horário agendado para a eclusagem.

A operação na eclusa 1 transcorreu normalmente.

Ao saírem da cota 52 para a 32, e como já sabiam que a eclusa 2 estava com defeito, comitiva direcionou seus jets e um jetboat para uma rampa existente no canal intermediário.

O transporte dos equipamentos para o leito normal do Tocantins, demorou.

Somente por volta das 21 horas, todas as motos haviam sido transportadas, numa extensão de quase 5 kms.

Ontem à tarde, por telefone, o blogueiro conseguiu falar com um funcionário da Eletronorte, pedindo explicações para o problema na eclusa 2.

Garantida a condição de falar anonimamente, o rapaz confirmou o defeito na câmera.

Mais: o problema é antigo,  ocorrido na parte elétrica do sistema que ativa o elevador hidráulico.

Como não há movimento de transposição na barragem,  a Eletronorte  não move uma palha para sanar a demanda.

Ou seja, após  30 anos de sucessivos adiamentos nas obras das eclusas de Tucuruí, o sistema de transposição do rio Tocantins foi inaugurado em 2010 pelo Lula, mas a sua operação não tem garantia de manutenção.

Em 2011, a   Eletronorte recebeu delegação do Dnit para operar e manter a estrutura civil e os equipamentos das eclusas.

O contrato assinado garante à Eletronorte, anualmente, cerca de R$ 3,6  em recursos para manter as estruturas em condições operacionais.

Já se foram quase  R$ 20 milhões de dinheiro público despejados em uma obra sem utilização, por conta de um trecho de 43 km de extensão de pedras que estão no leito do rio e impedem a passagem das embarcações.

Caso a derrocagem do Lourenção inicie em 2017, previsão mais otimista garante:  serão necessários mais cinco anos para que as obras do canal do rio Tocantins sejam concluídas e abram espaço para a passagem das embarcações.

Ou seja, as eclusas de Tucuruí ficarão pelo menos doze anos  drenando recursos da União, com suas estruturas completamente subutilizadas.

Pior: mesmo sem uso, uma das eclusas está com defeito.

Só para lembrar: em 2013, quando este blogueiro participou da segunda viagem de JetSki Marabá-Belém, a eclusa 2 já apresentava problema.

Integrantes da expedição, tivemos que aguardar cerca de 40 minutos, no canal intermediário, diante da câmera 2, dedicados funcionários da Eletronorte trazerem da eclusa 1 uma peça idêntica que estava defeituosa na eclusa 2.

Depois de montarem a “rebimboca da parafuseta” na parte defeituosa, fomos autorizados adentrar à câmera 2, para a eclusagem rumo ao nível normal do rio, em frente a cidade de Tucuruí.

Desta vez, os expedicionários da viagem do dia 29 não tiveram a mesma sorte.

Eclusas de Tucuruí

As eclusas de Tucuruí são as maiores do País, com capacidade para realizar até 32 operações por dia, 16 em cada sentido, na sua capacidade máxima de operação.

Para quem não sabe a funcionalidade das eclusas, uma pequena explicação.

Cada eclusa atua como um verdadeiro elevador aquático, ajudando embarcações  a transpor o desnível de 72 metros do  Tocantins.

A eclusa nada mais é que uma grande câmara de concreto com dois enormes portões de aço.

Depois que a embarcação entra em seus paredões de concreto, os portões são fechados.

Quando a embarcação passa do ponto mais baixo para o mais alto, a água entra e eleva as embarcações.

Quando o caminho é o inverso, a água escoa e a embarcação desce.

Em 2013: este blogueiro  no interior da eclusa 2, participando da segunda viagem de jet, Marabá-Belém.
Em 2013: este blogueiro no interior da eclusa 2, participando da segunda viagem de jet, Marabá-Belém.