Numa tarde modorrenta de sábado, notícias escassas, inda mais no interior do Maranhão cujos fatos teimavam em não se projetar, deixando-nos em diversas ocasiões no desespero de se perguntar “o que vou usar como manchete, meus Deus?!” -, perto das 17 horas, nada mesmo no front. A madrugada de sexta-feira havia sido um desastre pois ocorrera sem registro de nenhum crime, nem mesmo uma “peixeirada”. Tava brabo!

De repente, o grito na calçada do jornal: – Mataram uma cobra de seis metros lá no Bacuri!

Jurivê (também chamado de Juredo) e eu conversando na Redação, cuja janela dava pra porta da rua, nos olhamos cúmplices, felizes da boa nova, e saímos correndo pra saber detalhes. Um rapaz de dentro de um carro contou que a cobra estava estendida às margens do igarapé. Fui correndo em um velho Fusca levando comigo o fotógrafo Joãozinho, recomendando-o, durante o trajeto, que procurasse bater bons ângulos e voltar correndo para preparar o ritual de revelação do material. Quem trabalhou com parque gráfico de linotipos sabe a trabalheira que dava preparar o clichê das páginas: revelação de fotos, serragem do zinco onde é gravado as imagens e sua posterior fixação em um pedaço de madeira. Morro de rir lembrando disso comparando hoje com o simples clique de um mouse sobre a foto escolhida…