Simultaneamente,  o Grupo Mateus constrói dois supermercados em Marabá.

Só não deu start para a construção do terceiro por problemas  de regularização da imensa área comprada na Folha 26, nas imediações da rotatória da “Verdes Mares”.

Executivos  da empresa lutam junto a prefeitura para obter o alvará de construção daquilo que Ilson Mateus, dono do poderoso grupo, chama de formato Cash and Carry – ou Atacarejo, mais precisamente uma loja voltada à venda de atacado e varejo, modelo de comercialização que mais cresce no país.

As duas lojas  em construção são localizadas na Cidade Nova (área onde existia uma cerâmica, em frente ao aeroporto, às margens da Rodovia Transamazônica) e na Nova Marabá (área do antigo posto de gasolina “Medalhão”, na Folha 33, Marginal Esquerda da Transamazônica duplicada).

Na  Cidade Nova, o formato da loja é de Hipermercado.

Na Folha 33 da Nova Marabá, supermercado.

O projeto da  terceira loja na Folha 26, também na Nova Marabá,  foi elaborado em  formato Cash and Carry, cuja construção será deflagrada tão logo a prefeitura libere alvará.

Depois de inaugurar agora no mês de maio seu mais moderno hipermercado em Palmas (TO),  o empresário Ilson Mateus volta suas atenções para Marabá, jogando pesado, de cara, na edificação das duas grandes lojas.

Conversando a primeira vez com o dono do grupo, imagina-se não estar diante de poderoso empresário com faturamento anual acima dos R$ 2 bilhões.

Ilson é simples, perfil de homem criado na zona rural e de origem verdadeiramente pobre.

Pode ser incluído no rol das exceções.

O empresário  chegou morar na rua quando criança, depois engraxou sapatos e trabalhou como garimpeiro em Serra Pelada, mas foi salvo da miséria por um agudíssimo instinto de comerciante.

Tinha  19 anos quando colocou 70 caixas de refrigerante numa Chevrolet A10 e saiu à caça de mercadinhos do sul do Maranhão. Em menos de um ano, juntou dinheiro para comprar a segunda caminhonete. “Sempre investi tudo que ganhei no próprio negócio”, conta.

Numa época (ainda mais) difícil de virar empreendedor no Brasil, em 1986, Ilson inaugurou a mercearia de 50m2 que daria origem ao Grupo Mateus.

O faro de varejista fez o empresário passar ileso por planos econômicos que levaram muita gente a perder dinheiro – na verdade, os lucros dele cresceram nessas épocas. “Quando a inflação era aquela loucura, eu vendia 100 latas de óleo de manhã e fechava o mercado, para poder comprar 110 latas à tarde”, conta. “Também pagava mercadoria com cheque sem fundo no Alto Parnaíba, onde iam demorar 40 dias para descontar e dava tempo de vender as coisas.”

Nem o Plano Collor foi problema. “O povo sentiu que ia ter algum congelamento e colocou tudo na poupança, porque não acreditava que mexeriam nela. Eu comprei tudo em mercadoria”.

Por fim, Ilson (foto)  construiu um império.

O Mateus tem 55% do mercado maranhense e é um dos maiores grupos de varejo e distribuição do Norte e do Nordeste brasileiro.

Em São Luís, tem três vezes mais lojas que Carrefour e Wal-Mart somados. (O primeiro, com a bandeira Atacadão, possui só uma filial na capital maranhense; o segundo tem seis, com a rede Bom Preço.)

O  maior varejista do Maranhão possui 28 supermercados, 10 mil funcionários e faturamento anual de R$ 2,5 bilhões. Mais do que nunca, agora, ele está decidido a pegar a estrada, para expandir seus negócios, além-fronteiras maranhenses..

Dinheiro para isso não deve faltar. Primeiro, a empresa está capitalizada. Além disso, ela está na mira de fundos de investimento, interessados em adquirir 15% do negócio, avaliado no total em cerca de R$ 1,6 bilhão. Normalmente, isso permite pagar parte do endividamento bancário de uma companhia, o que exclui os juros do balanço mensal.

Antes de partir em busca de novos mercados, Ilson  colocou o Grupo Mateus na lupa de uma auditoria para receber investimento de fundos de capital. A empresa foi auditado pela  Ernst&YoungTerco para viabilizar o aporte.

A aposta de Ilson parece correta. O consumo dos segmentos emergentes vem se mostrando o que mais tem dado retorno, enquanto os segmentos luxo e médio já mostram certa saturação. E isso deve continuar e ser a tendência mais marcante dessa década.

Enquanto sua rede atinge cifras dignas de multinacional, Ilson não deixa de andar num carro popular   e morando em um apartamento alugado. “Esse carro resolve a minha vida, então não penso em comprar outro, não. Quando a gente sabe o que é passar necessidade, dá valor a cada centavo”, filosofa.

Perguntado sobre luxos com os quais aceita gastar, ele diz apenas que gosta de pescar. “Às vezes vou a uma fazenda de um amigo, no rio Xingu, onde dá tucunaré de dez quilos”. Mais do que sovinice, parece ser estratégia de negócios. “Não tenho um dólar no exterior, não tenho fazenda, nada – aplico tudo no grupo”.

Aos 50 anos de idade,  Ilson Mateus  enxerga em Marabá o ponto de partida para grandes investimentos no estado do Pará, depois de invadir o Piauí e Tocantins.

Chega na chamada boa hora.