As ruas de Belém (PA) foram palco de um evento histórico neste sábado, 15 de novembro, com a realização da Marcha Global pelo Clima. Diferente dos espaços protocolares da COP30, o ato, que segundo a organização reuniu mais de 60 mil pessoas, simbolizou a voz vibrante da sociedade civil, clamando por ações urgentes e justiça climática.

Sob o lema potente “A resposta somos nós”, a manifestação mobilizou uma grande diversidade de participantes: povos das florestas, dos campos e das águas, ativistas, e militantes de movimentos sociais, incluindo o MST, além de representantes de mais de 60 países. Eles convergiram em uma marcha de 4,5 quilômetros, partindo do tradicional Mercado de São Brás e seguindo até a Aldeia Cabana, um local que evoca a luta e resistência histórica da Cabanagem.

 

Pautas e mensagens centrais

A marcha, organizada como parte da Cúpula dos Povos, buscou pressionar por compromissos climáticos reais e imediatos, indo além das promessas formais das negociações oficiais da ONU. Os cartazes e gritos de ordem ecoaram demandas diretas e críticas ao modelo econômico vigente:

 

Críticas ao agronegócio e ao capitalismo

Mensagens como “Agro é fogo” e “o colapso ambiental é capitalista” denunciaram as práticas destrutivas e a responsabilidade do sistema econômico na crise ambiental.

 

Justiça social e agrária

O tema da justiça climática esteve intrinsecamente ligado à reforma agrária popular, com a bandeira “Não existe justiça climática sem reforma agrária popular”, enfatizando a importância da democratização da terra e da agroecologia.

 

Protagonismo dos Povos

Houve um foco intenso na visibilidade e no papel dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais como guardiões da Amazônia e proponentes de soluções climáticas.

 

Funeral dos Combustíveis Fósseis

Um momento de forte simbolismo no ato foi o “funeral dos combustíveis fósseis”, um repúdio à continuidade da exploração que agrava o aquecimento global.

Ayala Ferreira, da direção nacional do MST e da comissão política da Cúpula dos Povos, resumiu o espírito da manifestação, destacando que os trabalhadores de todo o mundo se uniram para defender uma “verdadeira república” que garanta direitos, cuide da natureza para as futuras gerações e defenda a soberania do país.

A Marcha Global pelo Clima em Belém se consolidou como um marco, contrastando a agenda oficial da COP30 com as vozes das comunidades mais vulneráveis, que exigem transformações estruturais para enfrentar a emergência climática.