Eis que ele surge, glorioso e macio como um pão de queijo quentinho: o sábado.

Ah, o Sábado! Não é um dia qualquer; é um estado de espírito, uma licença poética concedida pelo calendário, um suspiro profundo de alívio que dura 24 horas. Ele já chega com aquele cheirinho de café sem pressa, com a luz do sol entrando pela janela sem a obrigação de ter que fazer alguma coisa.

A diferença entre a sexta-feira e o sábado é que a sexta ainda está vestida com as sobras do terno da semana, tensa, preocupada em terminar algo. O sábado? O sábado veste um roupão felpudo, meias de tricô coloridas e a expressão de quem acabou de ganhar na loteria (e o prêmio é: dormir mais uma hora).

E o melhor de tudo é saber que amanhã é domingo. Essa informação é o verdadeiro tempero da alegria. O sábado não é um ponto final, é uma vírgula alongada. Ele não carrega o peso de ter que ser a festa, porque a folga se estende. É a tranquilidade de quem está no meio de um túnel iluminado. Você pode passar a tarde de pijama e não estará desperdiçando a vida; estará apenas vivendo o seu direito constitucional ao ócio de qualidade.

Claro, a sociedade conspira. Há sempre alguém querendo te vender a ideia de que você tem que produzir lazer! “Vamos à feijoada?”, “Vamos arrumar o armário?”, “Vamos adiantar o trabalho da faculdade?”. O sábado sorri, dá de ombros e murmura, quase inaudível: “Não.”

O prazer supremo do sábado é estar de pernas pro ar. E não é uma metáfora, é literal! É deitar no sofá com o controle remoto (ou o livro) caindo da mão a cada cinco minutos. É olhar o teto e contemplar o mistério de como as aranhas conseguem fazer teias tão perfeitas. É passar meia hora decidindo qual filme assistir e, no fim, acabar vendo um documentário sobre lhamas no Peru.

E a grande jogada mental, a epifania sábia, é não comprar a “briga” de segunda-feira.

A segunda-feira é um monstro distante, um boato, uma entidade de ficção científica. Pensar nela hoje é sabotar a maciez do presente.

O sábado exige foco total: no lanche improvisado que você inventou para “matar” a broca, na soneca que vai tirar, na playlist que vai ouvir enquanto lava a louça que está suja e você mora sozinho (sim, a vida não é totalmente pernas pro ar, mas até a louça do sábado tem um ritmo mais jazzístico).

O sábado é uma bolha de champanhe borbulhante. É o dia em que o despertador está de férias forçadas. É o dia em que a vida te dá um abraço apertado e diz: “Relaxa, meu amor. Você merece. Amanhã tem mais.”

Viva o Sábado! Com toda a sua preguiça radiante e sua intensa, intensa alegria.