“O Pará teve um aumento de 62% no desmatamento e lidera a lista dos estados responsáveis pela destruição durante os últimos doze meses. Ao todo, foram 2.909 km² de floresta derrubados apenas em território paraense”, informa a nota do Imazon.

Em toda a Amazônia, segundo a organização, 6.536 km² de floresta nativa foram derrubados, um aumento de 29% em comparação com o ano anterior. A análise compreende os meses entre agosto de 2019 e julho de 2020.

O que mais chama atenção da entidade são as áreas que concentram grandes taxas de desmatamento: dos dez municípios que mais desmataram a Amazônia nos últimos 12 meses, seis ficam no estado. Na devastação registrada em julho na Amazônia, 59% ocorreu em áreas privadas.

O avanço do desmatamento em Terras Indígenas é outro ponto que preocupa.

“A Terra Indígena Apyterewa, localizada em São Félix do Xingu, sudeste do Pará, foi o principal alvo dos desmatadores. As TIs Cachoeira Seca do Iriri e Ituna/Itatá, ambas também no Pará, estão na lista das que mais perderam floresta dentro de seus territórios”, aponta o Imazon.

Na quinta-feira (6), ogoverno federal decidiu interromper as ações de combate a crimes ambientais em terra indígena no Pará, um dia após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ter visitado a região e ter sido alvo de protestos. O grupo que fez o ato chegou a impedir a decolagem de um avião e um helicóptero. Nesta sexta (7), o governo voltou atrás e decidiu manter as ações.

A cidade que mais desmatou a floresta amazônica no período foi Altamira, no sudeste do Pará. Em um ano, foram destruídos 540 km² de área verde do município.

São as 10 cidades que mais desmataram a Amazônia de acordo com o Imazon:

  • Altamira (PA)
  • Lábrea (AM)
  • São Félix do Xingu (PA)
  • Porto Velho (RO)
  • Itaituba (PA)
  • Feijó (AC)
  • Novo Progresso (PA)
  • Portel (PA)
  • Pacajá (PA)
  • Boca do Acre (AM)

O Imazon destacou a participação do governo federal no avanço do desmatamento na Amazônia.

“Será difícil conter o desmatamento se o governo continuar a intenção de alterar a legislação fundiária para legalizar áreas desmatadas e invadidas ilegalmente. A grilagem de terras públicas é um vetor do desmatamento, que é estimulado com a expectativa de anistia e legalização”, afirmou Brenda Brito, pesquisadora-associada do Imazon.

O climatologista Carlos Nobre lembra que governos que investiram em ações de combate ao crime ambiental conseguiram diminuir o desmatamento na região em mais de 30%, em comparação com os dados atuais.

“Efetivas ações de fiscalização e combate ao crime ambiental fizeram os desmatamentos chegarem a cerca de 4,5 mil km² em 2012. Estamos muito longe deste cenário”, compara Nobre. (G1)