A tragédia do voo Rio-Paris da Air France, em junho de 2009, aconteceu devido a “uma reação inapropriada da tripulação depois da perda momentânea das indicações de velocidade”, de acordo com um relatório de especialistas apresentado durante a investigação judicial, ao qual a AFP teve acesso nesta terça-feira (13).

As simulações e as análises “mostram claramente a predominância de fatores humanos nas causas do acidente e nos fatores que contribuíram” para a queda, indicam os cinco especialistas em suas conclusões. “Também constatamos que o acidente”, que causou 228 mortes, “poderia ter sido evitado por algumas ações apropriadas da tripulação”, acrescentam.

A queda do Airbus A330 da Air France, que aconteceu no dia 1º de junho de 2009 no Oceano Atlântico, custou a vida de 228 passageiros e membros da tripulação.

Essa análise, de 30 de abril, tinha sido solicitada um ano antes pelas juízas Sylvia Zimmermann e Sabine Kheris, após uma primeira apresentada em julho de 2012 às famílias das vítimas.

As conclusões do primeiro relatório de especialistas indicam uma conjunção de fatores: falhas humanas, problemas técnicos, procedimentos equivocados e condições meteorológicas adversas.

Com base nessas conclusões, Air France e Airbus foram processadas em 2011 por homicídios culposos. Mas a contra-análise apresenta uma visão diferente.

“Foi determinado por nosso grupo de especialistas que o acidente se deveu à perda de controle do avião causada pela reação inapropriada da tripulação após a ausência momentânea das indicações de velocidade”, indicam os autores da nova análise, que apresentam uma lista de 14 fatores que contribuíram para a tragédia, por ordem de importância.

Eles citam a responsabilidade da tripulação, mencionando “a ausência de uma análise estruturada da pane”, “a má compreensão da situação” e “a divisão de tarefas na cabine que não foi aplicada de maneira rigorosa”.

Mas eles fazem referência também à companhia aérea, lamentando a “ausência de instruções claras por parte de Air France, apesar de vários casos parecidos de congelamento das sondas Pitot e, portanto, de uma resposta insuficiente”. Eles apontam também “para a formação inadequada dos pilotos na aplicação do procedimento” necessário para lidar com o congelamento das sondas e com o comportamento do avião durante a perda das indicações de velocidade.

Procurado pela AFP, Yassine Bouzrou, uma advogada dos familiares das vítimas, considerou que o relatório está “cheio de contradições e de imprecisões”.

“Os especialistas se contentam em culpar os pilotos, evitando sempre a questão central das falhas técnicas”, reagiu ela.