Um protesto de madeireiros, no município de Tailândia, conflagrou esta pequena cidade do Pará e obrigou o governo, a adiar o início da Operação Arco de Fogo, a maior já programada para se desenvolver em parceria entre a Polícia Federal (PF) e do IBAMA, contra o desmatamento predatório na Amazônia.
Desde 2ª feira eu falo aqui neste blog sobre esta operação e defendo sua realização. Meu receio era de que a operação não fosse desencadeada por contingenciamento (corte, ou adiamento do uso de verbas) no orçamento deste ano. Mas a suspensão da operação não ocorreu por este motivo.
Madeireiros concentrados em Tailândia impediram o IBAMA de retirar de serrarias 15 mil metros cúbicos de madeira ilegalmente apreendida pelo órgão. Nada menos que 10 mil pessoas, de acordo com cálculos locais, ocuparam as serrarias, incendiaram pneus e ameaçaram botar fogo também nos caminhões contratados pelo governo para retirar a madeira. Fiscais da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Pará (SEMA) foram detidos e mantidos em cárcere privado por duas horas pelos manifestantes.
Diante do que aconteceu, continua válido o alerta que faço há várias semanas: se o governo não parar com o contingenciamento orçamentário das verbas destinadas ao Pl,ano Nacional contra o Desmatamento, a ser desenvolvido naquela região envolvendo 13 ministérios, não haverá operação nenhuma que surta efeito naquela região.
Só recursos possibilitam a repressão e maior presença do Estado – União, estados e municípios – naquela área, para refrear o desmatamento, a grilagem de terras, a posse ilegal e à invasão pura e simples de áreas públicas e privadas na Amazônia. Sem essa liberação de verbas – mais a medida adicional, do corte do crédito bancário a desmatadores, inclusive nos bancos privados – não há como manter uma presença ostensiva naquela região das Forças Armadas, do INCRA e do IBAMA, das polícias Federal e Militar dos Estados, e da Receita Federal.

Texto é do ex-ministro José Dirceu, em seu site.