As mentiras que eles contam
POR RAFAEL DUARTE
A cobertura da Copa pela imprensa é vergonhosa. O jornalismo sério e crítico – uma trincheira importante da democracia – foi jogado na caçamba do lixo pela maioria dos jornais, TVs e rádios daqui e de fora. Gosto muito da frase que diz que a imprensa que torce, distorce. Mas o que vemos em alguns casos é a mentira pura e simples, indiscreta e abjeta, contada com o objetivo claro de transformar um pesadelo num conto de fadas.
Muita gente não vê surpresa no comportamento da imprensa, sempre mais atenta a seus interesses particulares do que ao interesse coletivo. O jogo sempre foi jogado assim, dizem os amigos do senso comum. E que assim seja, repetem os conformados e conformistas de plantão.
Agora nesse debate todo, o que também chama a atenção é a divulgação dessas mentiras por uma gente esclarecida, outrora crítica, mas que confunde o apoio ao evento com a defesa do governo. Para os governistas, se a crítica é sobre os gastos públicos em estádios privatizados (ah, são concessões de 20 anos, perdoe a nossa falha) é como se o endereço fosse a principal inquilina do Palácio do Planalto. E quanto mais se aproximam as eleições, a neurose chega a níveis de faniquitos.
O governismo é uma doença. Não ataca a todos, é verdade. Mas seu principal sintoma é a falta de memória, a cegueira política e ideológica. Dilma Rousseff veio a Natal, foi bajulada, ficou ‘en-can-ta-da’ e ratificou todas as mentiras que o governo vem contando e compartilhando desde que a Fifa definiu o Brasil como sede. Até Nelson Rodrigues, defensor categórico da construção do Maracanã no final dos anos 40, deve ter levado uma cutucada do Sobrenatural de Almeida quando foi citado como exemplo diante de tanta informação falsa.
Dilma comemorou com orgulho o fato da Arena das Dunas ter custado 3% a menos do que o valor estimado inicialmente. Talvez seja por isso que Guido Mantega, o ministro da Fazenda, esteja a perigo no cargo. O preço inicial do estádio – uma olhada nos jornais de quatro anos atrás é suficiente – era de R$ 320 milhões. Se o empréstimo junto ao BNDES a juros baixíssimos fosse pago à vista, o que também não vai acontecer, a Arena sairia hoje por R$ 423 milhões. Só nessa brincadeira são R$ 123 milhões a mais de diferença. Porém, ao longo dos 20 anos de privatização (digo, concessão) a conta será de R$ 1,3 bilhão.
É inacreditável, faltando cinco meses para o início do torneio, que ainda há quem sustente que não existe dinheiro público investido nos estádios da Copa.
Ouço de colegas e amigos que as críticas à Copa não me levarão a lugar nenhum. É murro em ponta de faca, jogo perdido. Afinal, a Arena das Dunas está concluída (a nossa imprensa en-can-ta-da, por sinal, a concluiu três vezes de dezembro para cá). Faz mal não, gente. Não vou mentir para vocês: é um prazer estar ao lado dos que perderam essa batalha.
Bideco
28 de janeiro de 2014 - 10:37Caro Hiroshi, tenho acompanhado esse debate em torno dos investimentos para a copa do mundo, e confesso que já não sei mais o que a imprensa e diversos segmentos querem. Todos queriam a copa, caso isso não acontecesse, a época o presidente Lula, talvez tivesse sofrido derrota eleitoral por não ter conseguido trazer a copa para o Brasil, observamos isso quando a Ana Júlia não conseguiu fazer Belém uma das sedes da copa, resultado – derrota eleitoral muito bem explorada pela imprensa e os hj críticos da copa.
Outra coisa, reclamam, ou reclamavam, cotidianamente pela falta de investimentos em infraestrutura urbana e apoio ao esporte, cultura e lazer, quando isso acontece, é desperdício de dinheiro público, e que na verdade se deve aplicar em outros setores (saúde, educação, indústria, etc……..).
Até concordo que se deva investir muito mais em saúde pública, hoje talvez o maior problema do Brasil, até por que tem se investido bastante no combate a fome e a miséria e na geração de emprego e renda, bem como na educação. E por falar em educação, que todo mundo fala muito, que o povo não tem educação e que por isso vota mal, inverdade, pois os maiores corruptos desse país são exatamente os que mais tiveram acesso a educação, inclusive os que votam por interesse pessoal, e não o cidadão comum que tem apenas o ensino fundamental ou médio, votar por interesse pessoal não é uma questão de educação, mas sim de caráter.
Luis Sergio Anders Cavalcante
26 de janeiro de 2014 - 11:04Hiro, se questiona a Presidente por estarem invertidas as prioridades. A Copa em nosso país, em outro momento, se tivéssemos com por exemplo, a Saude, Educação, a Segurança Pública etc… com pelo menos níveis aceitáveis, seria bem vinda. Com o agravante de que mortais comuns(leia-se mais necessitados) não assistirão nenhum jogo da Copa nos estádios, pela TV talvez(nem todos ´podem comprar um aparelho) e muito menos um ingresso. Além do quê o superfaturamento dos estádios estão escancarados aí. À imprensa, falada, escrita e televisada, em sua totalidade, não se pode imputar culpa por denunciarem as falcatruas, mesmo porquê, estão cumprindo com seu mister. Não me preocupa a situação duvidosa se os estádios estarão prontos até lá, e sim, por exemplo, a maior demanda por infraestrutura(Aeroportos/Hoteis, Policiamento, hoje deficitários) para atender “bem” os “turistas”. Quem vai ganhar muito dinheiro, com certeza, não será quem está reclamando. O Governo só mostra o lado bom da coisa. De qualquer forma aguardemos para ver o “resultado final”, mas sem mascaramentos. Em 26.01.14, Mba.-PA.
apinajé
25 de janeiro de 2014 - 21:29Djalma o bom senso me faz respeitar sua opinião,embora só concorde com o respeito que você teve pelo comentário do Rafael.
suas suposições me parecem infundadas,locomotiva de um país não é esse tipo de obra,o que estão fazendo é investir dinheiro público sim,na industria do entretenimento,ou o BNDS não lida com dinheiro público?na diversão aplicamos aquilo que nos sobra,não vejo dinheiro sobrando no Brasil,para saúde,educação, segurança e investimento em infraestrutura,estradas,ferrovias,hidrovias,e os portos então?você sabia que nenhum porto brasileiro permite a operação dos maiores navios do mundo?nossos portos são obsoletos em máquinas e também são extremamente rasos,é isso que se tem que ver,é apenas uma questão de priorizar,investir pensando em tirar o país desta condição de país do futuro,desde criança ouso essa “ladainha”e olha que,no meu caso já se vão 50 anos,não quero o mesmo para meus filhos.
Djalma,na boa,não sou contra a copa,creio que nosso colega Rafael,também não o seja,é só uma questão de prioridade.
em tempo,em que pese toda a “brazucada”que prefere o circo ao invés do pão,pensar que a copa é do Brasil,sinto desaponta-los,a copa é da FIFA,para tanto fizeram uma lei geral da copa que,em alguns pontos fere até nossa constituição,e engana-se quem pensa que a impressa é livre,a imprensa é livre par defender os interesses aos quais esteja alinhada,se você me disser que o povo hoje é livre,até poderia concordar,mas um povo que não tem educação não sabe o que fazer com a liberdade,aliás povo sem educação, prefere ser objeto de caridade,crer que patriotismo é só de quatro em quatro anos,que o Brasil é a pátria de chuteiras,que o Brasil é o país dos espertos,mentira….espertos são os escandinavos que tem uma carga tributária um pouco menor que a nossa e tem tudo que nos falta em contrapartida.
um abraço
Djalma Guerra
25 de janeiro de 2014 - 09:13Respeito a opinião do Rafael pois acredito que o mesmo é oposicionista de carteirinha e que faz oposição por oposição..
Na minha opinião acredito que os investimentos públicos que foram ou possam ser dispendidos na copa e olímpiada são ínfimos perto do ganhos que tivemos em manter as principais locomotivas da economia e emprego em atividade (siderurgia e construção civil) fortalecendo a economia interna.
Outro ganho que teremos em função da copa será o ingresso de divisas externas que tanto ajudam a balança comercial.
O Brasil não se endividou para construir os estádios pois todo capital aplicado é nacional e serviram para que nosso País não entrasse no barco que afunda as principais economias mundiais.
Quanto a criticar a imprensa não faz nenhum sentido pois as mesmas são livres e ter opinião própria mesmo que desagrade alguém.