O Núcleo de Arqueologia e Etnologia de Marabá – NAM – teve como marco inicial de sua história a identificação de material arqueológico à margem esquerda do rio Tocantins, próximo à Vila Espírito Santo, no Município de Marabá, em 1978. Foi este um trabalho pioneiro desenvolvido pelo biólogo Noé von Atzingen, recém-chegado à região através do Projeto Rondon, implementado pela Universidade de São Paulo – USP. Tal feito impulsionou futuras coletas e descobertas de novas áreas com vestígios arqueológicos, agora com a participação de jovens ambientalistas do Grupo Ecológico de Marabá – GEMA, sítios que foram posteriormente registrados pelo Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG, fatos que, junto a outras conquistas, culminaram na implantação da Fundação Casa da Cultura de Marabá, em 1984, a qual foi instalada em um prédio doado pela Companhia Vale do Rio Doce – CVRD. Assim, o acervo regional passou a ter um local com condições mínimas para sua guarda e conservação.

Com a criação da Fundação Casa da Cultura de Marabá – FCCM, os estudos e a documentação de sítios arqueológicos na região foram incluídos nas atividades da Casa, a qual, a partir de 1985, passou a contar com o apoio e a parceria do Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG. Em 1987 foi criado o Setor de Arqueologia, que passou a centralizar esses estudos. Em 1999, face ao aumento de atividades e da área de atuação, foi criado o Núcleo de Arqueologia de Marabá – NAM, que assumiu as atividades e o acervo do antigo Setor de Arqueologia.

Em novembro de 1999 a FCCM recebeu do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, o Prêmio Rodrigo Mello Franco de Andrade, pelos estudos e trabalhos sobre conservação do acervo e dos valores natural, cultural, histórico e arqueológico da região, realizados com o apoio e participação ativa da comunidade.

Ao longo destes anos de atividade, o NAM tem desenvolvido um extenso trabalho de documentação e proteção aos sítios arqueológicos, bem como na geração de conhecimentos sobre a ocupação pré-histórica da região. Atualmente, o Núcleo de Arqueologia e Etnologia de Marabá conta com um acervo arqueológico com mais de sessenta mil peças, que incluem artefatos cerâmicos, líticos e ósseos, além da identificação e registro de 314 sítios arqueológicos nos Estados do Pará, Maranhão e Tocantins.

É importante frisar que todas essas conquistas não são frutos do acaso, pois refletem um trabalho sério e constante; assim ao longo destas duas décadas, conseguimos a apoio de importantes aliados, entre os quais destacamos: o Museu Paraense Emílio Goeldi, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, a Prefeitura Municipal de Marabá, a Companhia Vale do Rio Doce, a Sociedade dos Orquidófilos de Marabá, a Fundação Serra das Andorinhas, a Secretaria de Meio Ambiente de Marabá, o Grupo Espeleológico de Marabá, a Scientia Consultoria Científica, o Museu Nacional do Rio de Janeiro – UFRJ e a Universidade Federal do Pará, entre outros. A todos estes parceiros somos eternamente gratos, sem esquecermos do apoio da sociedade marabaense que sempre foi uma grande aliada nessa incansável batalha em prol da cultura, da preservação e do conhecimento.

Na Fundação Casa da Cultura de Marabá, há uma interessante exposição sobre arqueologia regional com amostras de cerâmicas, machados, pontas de flexas, gravuras rupestres, as informações sobre arqueologia regional são também complementadas por painéis e fotos que mostram detalhadamente a ocupação pré-histórica da região, o que surpreende os visitantes, pois a grande maioria das pessoas não imagina que nossa região foi habitada desde 7.000 anos atrás, o que ficou evidenciado com os estudos em cavernas na região de Carajás, ou seja, muito antes das pirâmides serem construídas no Egito, já haviam grupos pré-históricos vivendo em nossa região!

 

Texto: Noé Von Atzingen, Presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá

 

• Os dados iniciais deste artigo são do artigo: Vinte Anos de Pesquisa Arqueológica pelo Núcleo de Arqueologia e Etnologia de Marabá – FCCM, de autoria de Luiz Coimbra Nunes e Hélida Joane Viana Leite. Boletim Técnico da Fundação Casa da Cultura de Marabá, nº. 3, 2004