Presidente da Frente Pró-Estado de Carajás, o deputado estadual João Salame (PPS) usou com extrema habilidade o espaço a ele disponibilizado nos horários do Rádio e TV, durante a campanha do plebiscito, capitalizando para si o bônus da bandeira separatista numa região quase que unanimemente favorável à causa.

Com um olho no peixe e outro no gato, Salame trabalhou a sua indicação à presidência da Frente consciente dos efeitos positivos que o cargo poderia instrumentalizar, pré-candidato em potencial a prefeito de Marabá.

Terminada a campanha, Salame continua articulando o encaminhamento de seu nome, preferencialmente em torno de um grupo político que reúna lideranças emergentes como são os casos do empresário Ítalo Ipojucan (PMDB) e Jorge Bichara (PV) – além de flertar, nas conversas reservadas com a deputada estadual Bernadete tem Caten, com o Partido dos Trabalhadores.

A última manobra calculada de “repercussão ética” foi protagonizada semana passada quando o parlamentar do PPS divulgou o teor de uma carta, enviada ao governador Simão Jatene, renunciando a vice-liderança do governo na AL e disponibilizando os cargos sob sua responsabilidade na máquina administrativa.

Astuto e sensivelmente político, Salame sabe que atitudes como esta ultima referendada tem dois cursos: agregar valor junto ao eleitorado preferencialmente visado agora – o de Marabá -, e propiciar distanciamento da simpatia governamental, num confronto direto com a candidatura do declarado pré-candidato a prefeito do município, seu colega de parlamento Sebastião Miranda (PTB), que teve participação extremamente distanciada da campanha plebiscitária.

Cenário propício à consolidação do mote “quem foi contra e a favor da criação do Estado de Carajás”.

O que interessa é saber se as estratégias até agora adotadas com inteligência pelo parlamentar lhe serão favoráveis nas pesquisas.

Para sensibilizar potenciais adversários pré-candidatos (Ítalo, Jorge Bichara e Bernadete) de que sua candidatura é a mais viável, numa provável disputa contra Sebastião Miranda e o prefeito Maurino Magalhães, sensibilizando-os a lhe apoiarem, Salame precisa chegar até o final do mês de março bem situado junto a opinião pública marabaense.