Ele foi um irmão.

Durante mais de 40 anos, convivi com o músico, contador de causos, Cidadão do Mundo, andarilho que precisava da presença física dos amigos,  para não perder o vinco da alma.

Se um de seus amigos próximos ficasse dias sem visitá-lo, ou ao menos registrar um telefonema, este fato o chateava.

Natural do Estado de Pernambuco, Valvilson Santos  tinha um pouco  de tudo, respirava o ar rarefeito de Encruzilha, Sapucarana, Boas Novas, Serra Negra, Sítio dos Remédios, Cajazeiras e Areias.

Porque nascido em Bezerros, a região do Planalto da Borborena, a 570 metros acima do nível do mar, construiu na alma humana do “Negão” – como gostávamos de chamá-lo seus amigos – um ser infinitamente de querenças.

Sem maldade.

Sem retoques.

Sem encenações, nosso amigo gostava apenas de encenar a música, a poesia e os causos nordestinos e nortistas que tão bem sabia.

Em Belém, peguei um susto ao tomar conhecimento de sua morte.

Mais doído foi não chegar a tempo para acompanhar seu velório e enterro.

Ele decidiu antecipar a partida, avexou o passo – deixando todos nós sem entender a razão de tanta afobação.

Do Agreste Pernambucano, Valvilson se tornou paraense-marabaense dos mais amados.

E como ninguém, amava nossa gente, constituindo aqui no Pará sua bela família.

Muito distante lá do Vale do Ipojuca, “Negão” achou de iniciar sua última viagem, pertinho da gente.

Sorte nossa tê-lo conhecido.

Eu tenho muitas histórias dele para contar.

Vários posts serão necessários.

Um livro, caberia melhor.

 

Ave, Negão!

 

 

PS-  estou escrevendo com dificuldades  este texto, devido a um problema na vista (parece uma infecção). Mas esta semana, falarei com  muita alegria de meu grande amigo.