Quitanda 4

Você já foi ao “Quitanda Bolonha”,  maninho? 

Não?

Então, vá…

Vá, e se delicie, respire  e mate seus desejos mais ardentes de consumo gastronômicos, num ambiente que tem um pouco da história  de uma era em que Belém introduzia no cenário nacional  a arquitetura  Art Nouveau, nascida na  Europa entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial.

O empreendimento funciona em área  do Mercado Bolonha – o nosso Mercado Municipal de Carne, lá ao lado do Ver-o-Peso -,  cujos boxes cedidos a terceiros estavam abandonados e foram requeridos pelo jornalista Ney Messias Jr. (foto abaixo com amigos, no Quitanda),  transformados agora num belíssimo e aconchegante espaço dedicado a desenvolver insumos da gastronomia paraense.

Ney

No Quitanda, além dos pratos  tradicionais da culinária de Belém, pode se dar de cara com envolvente chope artesanal e programação musical diversa, sempre valorizando o artista da terra.

E como nesse campo o Ney é craque, não tem como errar.

Basta adentar, sem pedir licença.

A sacada de Messias, além de fortalecer a  gastronomia paraense, imprime ritmo criativo à diversidade da cidade de Belém, às vésperas de completar 400 anos.

Porque Belém tem a marca de cheiros e sabores encontrados em raros lugares do planeta.

Atrelado a esses valores, a  Quitanda Bolonha serve como vitrine para a população conhecer as riquezas da maravilhosa arquitetura da chamada Era de Ferro pela qual passou Belém, entre o fim do século XIX e começo do XX, quando era nítido o crescimento econômico da região e a ascensão de uma burguesia enriquecida com o comércio da borracha. 

Como muitos sabem, o Mercado Municipal de Carne tem estrutura de ferro  de origem escocesa – coisa rara ainda de pé no país.

O nosso conhecido Mercado Bolonha é desconhecido de grande parte da população paraense, principalmente pelas novas gerações.

Embora o Mercado Municipal tenha o peso que tem, não só porque é um edifício tombado com uma arquitetura diferente, o “Quitanda” pode dar a ele maior significância.

Bati papo on line com o Ney Messias.

Leiam o que ele disse sobre o maravilhoso empreendimento (Hiroshi Bogéa).

Quitanda 8

 

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Como surgiu essa sacada da Quitanda Bolonha?

Ney- A ideia surgiu quando resolvi passear pelo mercado Bolonha e me surpreendi com a quantidade de boxes vazios. Os permissionários tinham entregue seus boxes por absoluta falta de movimento de consumidores. Como um mercado de mais de 3 séculos, lindo como aquele, com a única estrutura em ferro escocês da cidade, estava naquela situação? Resolvi apostar na minha visão e intuição. A população de Belém, ou grande parte dela, está ávida pra viver seus mercados e sem opções pra isso. Resolvemos correr os riscos e construir esta opção.

Do alto, Mercado Bolonha
Do alto, Mercado Bolonha

 

Interior do Mercado Municipal de Carnes
Interior do Mercado Municipal de Carnes

Como já teve gente “politizando” esse maravilhoso empreendedorismo, inclusive chegando a insinuar que você estaria usando patrimônio público para ganhar dinheiro, gostaria que explicasse como funciona a transação comercial do espaço. Mais especificamente, origem do uso do prédio e como você fez para conseguir reinventar (e, ao mesmo tempo salvar de uma eventual demolição) o espaço.

Ney- Eu até acho graça da politização disto. Estou há 8 meses tentando me tornar em permissionário do mercado Bolonha. Foram 8 meses enfrentando todo tipo de burocracia até conseguir finalmente me instalar no mercado. Pediram pra mim coisas que jamais pediram pra qualquer permissionário do lugar. Os boxes estão vazios, portanto qualquer um pode dar entrada no processo na secretaria de Economia de Belém e se candidatar a se transformar em permissionário e enfrentar os desafios e riscos que estou enfrentando. Mas os que criticam não sustentam 5 minutos de investigação em suas vidas. Logo se percebe que são pessoas que não tem nenhum tipo de trabalho que mereça atenção. Jogam seus recalques e suas paralisias pra cima do sucesso dos outros.

Em muitas cidades da Europa, é comum a transformação de prédios históricos em centros gastronômicos ou em outras atividades. A Quitanda pode ser uma referência futura de ponto turístico?

Ney- Antes de ser referência pra turismo ou coisa do tipo, a gente quer mesmo é levar a população de Belém pra dentro do Mercado Bolonha. A gente precisa se apoderar de prédios que são nossos e que não temos pertencimento sobre eles. Todas, eu digo todas, as pessoas que já foram na Quitanda Bolonha falam a mesma coisa: “eu nunca tinha entrado neste mercado” Isto é muito surreal. Em qualquer cidade do mundo, que se tenha dignidade cultural, um prédio como aquele teria outro tipo de vida, além da que já tem lá que é muito digna.

Já dá pra perceber, embora eu ainda não conheça o espaço, que Quitanda Bolonha é uma mistura de sabores e tradições compondo mosaico da culinária brasileira. Descreva, em poucas linhas, o que é e como funciona o empreendimento.

Ney- Nosso cardápio é nosso principal dialeto. Falamos através dele. Desde os nomes dos pratos, que são expressões do nosso vocabulário. Uma provocação para que turistas que lá cheguem, sejam convidados a falar a nossa língua ao pedir nossos pratos. Então temos o Frescando, o borimbora, o Tá, cheiroso! e por ai vai. O cardápio foi todo pensado pelos chefs Felipe Gemaque e Solange Saboia. Todos os insumos do cardápio são comprados no Ver-o-Peso, portanto queremos mostrar uma forma cabocla de se alimentar com receitas tradicionais e algumas releituras de receitas da gastronomia internacional, então o famoso Cassoulet francês vira o cassoulet de frutos do rio e do mangue que é um cozido de feijão manteiguinha de Santarém com camarão, aviú, caranguejo e mexilhão.

Dependências da Quitanda Bolonhya
Dependências da Quitanda Bolonhya