A peça “Para a terra não há desaparecidos” fruto de investigação desenvolvida pela atriz e pesquisadora carioca Gabriela Carneiro da Cunha, chega a Marabá para curtíssima temporada, dias 14 e 15 deste mês no Cine Marrocos.

Esta ação integra o projeto “Margens – sobre rios, boiunas e vagalumes” que vem sendo construindo com o objetivo de discutir a violência que a ditadura militar brasileira instaurou a partir dos anos 1960 no país, e vem percorrendo vários palcos desde 2016 já tendo sido encenada também em Palmas, Araguaína e Xambioá.

O trabalho se estabelece entre a ficção e o documentário, e “Para a terra não há desaparecidos” é um poema cênico criado a partir da história de 12 mulheres, de sua luta e das memórias do que elas viveram e deixaram na região amazônica, em parte dos estados do Pará e Tocantins, onde se deu a guerrilha do Araguaia entre 1972 e 1975, local de forte resistência contra a violência e contra a ditadura.

Mergulhar na história é revivê-la, mantê-la viva de maneira a repassar às próximas gerações os acontecimentos que constroem a resistência no Brasil.

A encenação convida o público a refletir sobre esse episódio do passado recente do país ainda tão nebuloso, e conectar com fatos recentes.

“Certas coisas devem ser feitas: manter a chama acesa, relembrar e iluminar a história das lutas e dos lutadores, com todas as contradições que cada luta carrega”, destaca a diretora Georgette Fadel.

Como parte de profunda e detalhada pesquisa sobre o tema, e para que investigação não ficasse com base apenas em livros, a equipe e o elenco da peça realizaram viagem de imersão até o sudeste do Pará com a diretora, a autora e as atrizes Carolina Virguez, Daniela Carmona, Fernanda Haucke e Mafalda Pequenino, para uma vivência na região com as pessoas do lugar, ouvindo-as e às suas histórias e lembranças daquele fato.

O cineasta Eryk Rocha documentou todo o percurso da equipe durante os dias da viagem, e os registros audiovisuais, entre rostos e paisagens, serão projetados no palco durante a apresentação do espetáculo, criando um diálogo com as atrizes.

Além das imagens, os sons captados do rio Araguaia acompanham algumas cenas, transportando o público para aquele local, convidando o espectador a mergulhar na dramaticidade da história.

Assim como as mulheres retratadas na peça eram de diferentes cidades, a equipe é formada por artistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e da Colômbia. Na circulação pela região do Araguaia, no Pará, o elenco terá a participação da paraense Vandiléia Foro, atriz com larga experiência e bastante conhecida pelo público local.

A peça é dedicada a Dinalva, Dinaelza, Helenira, Maria Lucia, Áurea, Luiza, Lucia Maria, Telma, Maria Célia, Jana, Suely e Walkiria, aos moradores da região do Araguaia, e a Paulo Fonteles Filho, a quem a autora agradece in memoriam porquanto por meio dele as portas foram abertas e a pesquisa se tornou possível, e é com profunda emoção que este circuito é realizado na terra onde permanecem desaparecidas as corajosas mulheres acima citadas, e outras centenas de pessoas, camponeses, indígenas, invisibilizados por uma história arbitrária e que insiste em não registrar seus nomes.

No primeiro dia de apresentação um debate será realizado ao final do espetáculo tendo a professora e vice reitora da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) Idelma Santiado como convidada especial. O evento começa às 20h e tem audiodescrição em todas as apresentações para atender o público de baixa visão.

“Para a terra não há desaparecidos continuará sua itinerância em Goiás após a temporada no Pará.

Oficina

Com o objetivo de compartilhar experiências cênicas realizadas durante a criação do espetáculo “Para Terra não Há desaparecidos”, trabalhando no recorte da concepção de experiências performáticas da morte, como um estado de hiperpresença, considerando os recursos visuais utilizados na montagem da peça, as atrizes Gabriela Carneiro da Cunha e Mafalda Pequenino vão realizar oficina dias 13, 14 e 15/8, para atores e atrizes, mesmo para quem é iniciante na carreira.

A oficina trabalhará múltiplos aspectos do fazer teatral, treinamento físico e debates envolvendo a consciência corporal, para uma maior percepção de si, do corpo e ampliação dos limites expressivos; técnicas de dança afro, focalizando a energia agregada ao movimento, no enraizamento ativo dos pés no solo e na consciência do centro da coluna vertebral; sentimentos, corpo e ação, relação com o espaço; aspectos da história, mito, encantados e entidades; o canto como via de transição; ampliação da escuta e visão; aliança e alteridades.

Serão 15 horas de muita troca. As vagas são limitadas, e as pessoas interessadas devem acessar o link https://forms.gle/WignixT9Sa4CmcY46 para se inscrever.

 

Serviço:

Peça teatral “Para a terra não há desaparecidos”

Dias 14 e 15 de agosto de 2019

Cine Marrocos (Trav. Lauro Sodré, 228)

Às 20h

Evento gratuito

Classificação: 14 anos

Direção – Georgette Fadel

Dramaturgia – Grace Passô

Elenco: Carolina Virguez, Daniela Carmona, Fernanda Haucke, Gabriela Carneiro da Cunha, Luciana Froés, Mafalda Pequenino, Sara Antunes e Vandiléia Foro.

Direção audiovisual: Eryk Rocha

Produção: Aruac Filmes e Corpo Rastreado/ Ludmilla Picosque

Patrocínio: Programa Petrobras Distribuidora de Cultura

 

Sugestões de entrevistas:

Gabriela Carneiro da Cunha e Mafalda Pequenino

 

Oficina

Dias 13 (14 às 19h), 14 (9 às 14h) e 15 de agosto (9 às 14h)

Na Unifesspa, Campus 1, Folha 31, Quadra Especial, Nova Marabá

Inscrições https://forms.gle/WignixT9Sa4CmcY46

Informações: (94) 21017134

 

Assessoria de imprensa (PA): Matapi Produções

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