Uma operação realizada pelo Ministério Público do Pará (MPPA) investiga indícios de irregularidades nos processos licitatórios realizados na Prefeitura de Pacajá, no sudoeste paraense. O MP constatou que um gari seria usado como ‘laranja’ no esquema fraudulento.

“Deveria ser o processo licitatório um processo em que a administração deve buscar a melhor oferta, nas melhores condições, ou seja, a empresa mais apta, no melhor preço. E para construir duas escolas em Pacajá, eles entraram com uma empresa que não tinha nem um empregado e o empresário, dono dessa empresa, é um gari da Prefeitura e que iria iniciar a construção da escola ele, a esposa, um enteado e um vizinho”, explica o promotor Nélson Medrado.

Nove pessoas, entre elas o prefeito da cidade, são apontadas pelo MP como integrantes do esquema criminoso que contava ainda com a participação de 11 empresas, dentre construtoras e postos de combustíveis. O G1 tentou contato com a Prefeitura de Pacajá, mas ninguém foi localizado para comentar o assunto.

Equipes do Núcleo de Combate à Improbidade Administrativa e Corrupção (NCIC) e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado cumpriram mandados de busca e apreensão em 23 locais, entre eles a casa do prefeito, Secretarias Municipais de Transportes e Administração, a sede do executivo municipal, além de residências e empresas de Pacajá.

Promotores, servidores e policiais militares também procuram documentos em residências e escritórios de contabilidade localizados em Belém e Parauapebas, sudeste do Pará. Em Parauapebas, a operação se concentrou em uma casa localizada em um bairro afastado do centro da cidade. Segundo o MP,  no local funciona o escritório de uma empresa de geologia, que em 2013 prestou serviços para a Prefeitura de Pacajá.

De acordo com a promotoria, devido ao foro privilegiado, o processo é de competência da Procuradoria de Justiça, mas quando se encerrar o mandato do prefeito, ele passa a ser de atribuição da promotoria de Pacajá.

“Com o término do mandato do chefe do executivo local, há deslocamento da atribuição para o promotor de Justiça da comarca de Pacajá. Até o fim do ano, esses crimes serão de atribuição do promotor Medrado”, detalha Francisca Suênia Sá, promotora de Justiça de Tucuruí.