Na opinião do senador Paulo Rocha (PT- PA), o projeto da reforma trabalhista (PLC 38/2017) retroage décadas ao eliminar avanços importantes que a organização das classes trabalhadoras conquistou ao longo do século passado, na relação com o capital. Ele criticou o texto construído na Câmara e exaltou o Senado, durante a sessão temática para debater o tema, a fazer modificações para garantir as proteções aos assalariados já consagradas na Constituição e a manter a estrutura sindical.

O texto passa a impressão de que a geração de empregos é um favor que o setor produtivo concede à força de trabalho, que deve aderir ao pouco que é oferecido e agradecer de qualquer forma pela geração do emprego e pela possibilidade de pagar a conta de luz no fim do mês, avaliou o parlamentar. Esse tipo de pensamento é um retrocesso, disse o senador, porque a Constituição de 1988 estruturou uma relação equilibrada para permitir a negociação, o que tem sido feito até o momento, como ressaltou.

– Colocamos na Constituição avanços fundamentais que trazem equilíbrio e empoderam patrões e empregados para buscar, na negociação coletiva, esse equilíbrio. Respeitando o capital, mas valorizando a mão de obra – observou.

Para o senador, as reformas trabalhista e da Previdência se submetem ao interesse do capital financeiro internacional e, mesmo com a aprovação dessas mudanças radicais, não haverá a geração de empregos.

– Nenhum país na história se desenvolveu só a partir do capital especulativo – afirmou.

Ele criticou ainda pontos do texto como o que permite ao patrão no setor rural contabilizar a moradia e o alimento ofertado a trabalhadores rurais como salário.