Um dos personagens protagonistas da história de Marabá nos últimos 45 anos está sob cuidados médicos.

Trata-se do patriarca do clã Zucatelli, “seu” Antônio Zucatelli, submetido a uma cirurgia no fêmur para tentativa de correção dos movimentos de uma de suas pernas.

Operado em São Luís, “seu” Antônio continua no leito hospitalar, acompanhado pelos filhos que se revezam  em escalas.

Aos 87 anos, é a quinta cirurgia a qual Antonio Zucatelli  foi submetido, nos últimos três anos.

“O estado de saúde do pai é preocupante porque ele não está aceitando alimentação sólida, provocando seu enfraquecimento orgânico. A cirurgia foi bem sucedida, agora estamos nessa expectativa de sua recuperação”, informa Reinaldo Zucatelli, presidente do Grupo Zucatelli –  acompanhando o pai em todos os momentos difíceis de seu estado de saúde.

Bom se diga, Reinaldo e sua esposa, Regina Zucatelli, têm uma programação semanal que se perdura há décadas: tomar café da manhã, aos domingos, com “seu” Antonio e “dona” Ilma.

Até bem pouco tempo, Antônio Zucatelli ainda atuava nos meios empresariais, principalmente na área do agronegócio, orientando filhos e demais familiares,  e repassando experiências acumuladas ao longo de mais de 60 anos, dos quis mais de 50 fazendo empreendedorismo na região de Marabá.

A história do patriarca se confunde com a própria História de Marabá, pós período extrativista –  um homem que sempre esteve à frente de seu tempo.

Conversar com “seu” Antônio é conhecer detalhes dos vários períodos do desenvolvimento de Marabá.

É intenção deste blogueiro abrir uma agenda de gravações junto a Antônio Zucatelli para a coleta de depoimentos, visando, em futuro próximo, a publicação de um livro sobre a vida do patriarca, personagem de vida simples, muito apegada à família e um brasileiro do Espírito Santo que veio ajudar a desenvolver a Amazônia.

Já escrevi aqui neste blog  sobre a importância da família Zucatelli para o desenvolvimento de Marabá e  região.

O Grupo Zucatelli, para quem não sabe, emprega cerca de 700 pessoas, em diversos estados do Norte do país – desenvolvendo atividades nas áreas de concessionárias de carros, máquinas pesadas, construção e agronegócio.

O patriarca, seu Antonio Zucatelli, ao desembarcar em Marabá no início dos anos 70, trazia a determinação e o sonho de desbravar a Amazônia, gerando emprego e renda.

Veio sozinho, depois trouxe a família.

E nunca mais voltou para o estado natal.

Em novembro de 2016, divulguei a apreensão de seus familiares diante de uma enfermidade de “seu” Antônio , quando foi levado à sala de cirurgia.

Meses depois, recuperado,  o patriarca dos Zucatelli voltou ao trabalho, indo e vindo diariamente à fazenda que ele cuida pessoalmente.

Mais sustos, alguns dias depois.

Novas cirurgias ele voltaria a ser submetido, uma delas para desobstrução no tubo digestivo.

Pois bem, uma  semana depois de ter recebido alta hospitalar, seu Antonio voltou á rotina de trabalho, do alto de seus então 85 anos de idade – embora fosse orientado pela equipe médica a maneirar a barra.

Dona Ilma, andando há mais de 60 anos ao lado do marido, sabendo das estripulias do companheiro, chega uma manhã no estábulo da fazenda e encontra o vaqueiro selando o cavalo de Antonio.

 

“Para quem o senhor está selando esse animal”, pergunta.

 

“Para o “seu” Antonio. Ele quer dar uma volta para ver os pastos e umas cerca que estão fazendo”, responde o vaqueiro.

 

A partir de hoje, o senhor está proibido de selar animais para o Antonio. Ele não pode mais andar à cavalo. Se ele insistir, diga que é uma determinação minha. E mesmo que ele lhe obrigue, não sele nenhum animal – determina dona Ilma, preocupada com a saúde do marido.

Uma semana depois desse ocorrido, dona Ilma chega à fazenda, por volta de 10 horas da manhã, e não encontra seu Antonio, na sede.

Sai pela vila de funcionários perguntando pelo marido, e, de repente, avista uma moto se aproximando do local, com alguém bastante conhecido dela na garupa do vaqueiro.

Era exatamente seu Antonio.

O vaqueiro, preocupado com a bronca que certamente receberia da patroa, logo se antecipa.

 

– “Ele me pediu que o levasse para ver os pastos. Eu ainda lembrei ao seu Antonio que a senhora tinha me proibido de selar animais pra ele”.

 

– “Selar animais, mas não proibiu de me levar na garupa da moto dele”, respondeu, em cima da bucha, o resistente empresário.

É assim, desse jeito, que pessoas como “seu” Antonio encaram a vida: determinados, incapazes de baixar a cabeça para doenças, embora muitas delas se anunciem perigosas, como as quatro cirurgias as quais ele foi submetido, nos últimos cinco meses.

A história de vida do patriarca dos Zucatelli merece um livro.

Eu conheço muitas passagens de acontecimentos extraordinários enfrentados por seu Antonio.

Tê-lo como exemplo, é um case de sucesso.

Na foto, “seu” Antonio e “dona” Ilma, durate solenidade na qual ele recebeu importante honraria da Maçonaria de Marabá.