Com quem conversa, o deputado estadual Sebastião Miranda (PTB) não cansa de deixar claro a segurança que ele tem de retorno à prefeitura de Marabá, em 2012. De tanto otimista, deixa transparecer arrogância e falta de humildade diante de uma probabilidade.

Política não é ciência exata. Inda mais o processo eleitoral, sempre valsando ao sabor do ritmo do momento.

Eleição é o momento em que o debate torna-se mais agudo, e em que as diferenças são explicitadas com mais força.

Campanhas eleitorais são dialéticas, vivem do contraditório. O candidato fala o que quer e ouve o que não quer. Os adversários contestam, apontam falhas, comportamentos reprováveis, etc. Candidatos e campanhas vigiam-se mutuamente. O eleitorado observa, pensa, reflete e depois decide.

Faltando pouco menos de dois anos para a eleição municipal, o cenário político de Marabá é muito parecido com os doze meses anteriores à eleição para a prefeitura de Belém, em 2008, quando Duciomar Costa aventou, pela primeira vez, disposição para tentar a reeleição, embora seus índices de rejeição estivessem nos patamares dos atuais, próximo a 70%.

Naquele tempo, havia clareza de que só milagre reconduzira Dudu à prefeitura. Falava-se, inclusive, do risco que ele corria de não ir para o segundo turno

Deu no que deu.

Em um ano, avançando em escala nas áreas suburbanas, Duciomar fez chegar à ponta benefícios decisivos para o atendimento de expectativas da população menos favorecida. Espalhou asfalto por lugares nunca dantes imaginados um dia chegaria, além de imprimir, pessoalmente, favorecimentos políticos de forte apelo popular, usando a máquina e o próprio carisma espraiado junto aos mais pobres.

A classe média e formadores de opinião de Belém berravam. Batiam sem dó, talvez pressentindo a metamorfose processada silenciosamente nos alicerces do eleitorado, confirmada na contagem final de votos.

Poster recorda de uma frase de amigo de Belém, com quem sempre batia papo no Doca Spetus, ferrenho crítico de Duciomar, revelando sua preocupação com a possibilidade do prefeito da capital estar virando o jogo – isso já em 2008, provavelmente em maio daquele ano:

          – Perguntei pra empregada lá de casa qual o candidato mais falado no bairro para ganhar a eleição, e a mesma respondeu na hora: “O Duciomar, ele é o mais forte”. Pesquisa de doméstica é infalível, elas sempre exprimem a vontade da maioria, disse o amigo.

Duplicação da Transamazônica

Engana-se quem considera o prefeito Maurino Magalhães cachorro morto.

Algumas ações estão ocorrendo em Marabá, até certo ponto silenciosamente, patrocinadas pela prefeitura, potencialmente catalisadoras de performance eleitoral, quando concluídas definitivamente.

Numa sequencia que o pôster levantou pessoalmente in loco, detalhemos.

Primeiro, há uma guerra de comunicação sobre a obra de duplicação da Rodovia Transamazônica.

A oposição desdenha do prefeito dizendo que ele se apropria indebitamente da origem do investimento, supostamente apenas financiada pelo governo federal.

Não é assim.

A duplicação da ponte e rodovia, incluída no PAC, obra de denso espectro estrutural, é uma parceria dos governos federal e municipal.

Analisando o barato,  utilizando números, quando estiver concluída, a obra passará pouco mais de R$ 100 milhões. Como a prefeitura tem obrigatoriedade de bancar contrapartida de 10% do valor do investimento, serão mais de R$ 10 milhões desembolsados pelos contribuintes do município.

Paralelamente, em duas frentes,  há mais desembolso do poder municipal na mesma obra.

1-Desapropriação de área e edificação de habitação para os antigos moradores do bairro da Olaria (antigos residentes numa faixa de terra por onde passou a ponte), provavelmente em torno de R$ 3 milhões.

2- Custos com a administração da obra. Para quem não sabe, explica-se ainda que a prefeitura é quem administra todas as etapas do empreendimento.

Trocando em miúdos, no risco da régua, o tesouro municipal está pagando quase R$ 15 milhões na duplicação da Transamazônica.

Que diabo de obra é essa, com valor tão elevado de contrapartida, que exclui a prefeitura de sua assinatura?

Bom senso e lógica não recomendam esse discurso.

Uma boa comunicação muda isso sem nenhum trauma.

Ou seja, quando a urbanização de seis quilômetros da Transamazônica estiver concluída – com mais uma ponte sobre o Itacaiúnas, três viadutos e duas pistas paralelas ao vão de rolamento principal -, os efeitos da obra agregarão valor ao prefeito.

Basta explicar direitinho essa conta.

Segunda ponte sobre o Itacaiúnas, concluída.

Viaduto que interligará os três Núcleos (Velha, Nova Marabá e Cidade Nova), concluido.(Fotos Secom)

Abre parenteses

Enquanto permaneceu até o talo controlando o poder político de Marabá, praticamente por quase quinze anos (inicialmente secretário de obras dos ex-prefeitos Haroldo Bezerra e Geraldo Veloso, depois prefeito por seis anos), Sebastião Miranda propagandeou-se tocador de obras de qualidade e executivo de rígida gestão fiscal.

Os fatos estão mostrando o contrário.

O descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal,  contado aqui,  enquanto esteve à frente da prefeitura,  é uma prova disso.

A observação diária, em diversos bairros da cidade, do processo de rápida deterioração da pavimentação de dezenas de ruas beneficiadas pelo ex-prefeito também é outro fator desmistificador da imagem construída.

Bem explorado, isso gera progressiva rejeição.

A estratégia de uma campanha de reeleição é clara: mostrar o que foi feito, o acerto das decisões, as vantagens da continuidade das obras, dos programas e das ações do candidato, mostrar os projetos para o futuro e a credibilidade de quem está propondo esse futuro.

Se nenhum fato novo ocorrer daqui até junho de 2012, quando se definem as convenções partidárias, a disputa pela prefeitura será polarizada entre Maurino e Tião.

Fecha parênteses

Sonho da casa própria

O atual prefeito de Marabá entregará este ano, em contato direto com a população beneficiada, 2.500 casas. O cadastramento dos beneficiários está sendo anunciado para março.

Duas mil e quinhentas famílias que possuem renda zero a três salários mínimos receberão casa própria do programa Minha Casa, Minha Vida, com o pagamento da mensalidade de R$ 50,00/mês. A prefeitura entrou na parceria cedendo as áreas onde estão sendo concluídas as unidades habitacionais.

O impacto de realização do sonho da casa própria na cabeça de uma família carente cria laços de fidelidade imutável.

O gesto da entrega de chaves  propaga forte poder emotivo junto a quem recebe.

Paralelamente à edificação de casas populares, o prefeito leva adiante o programa de regularização fundiária urbana.

Recomenda-se lembrar que 40% da área urbana da cidade é fruto de invasão.

Algo de concreto em torno da questão registrou-se semana passada quando foi assinado Termo de Ajuste e Acordo com os proprietários do bairro São Miguel da Conquista, presidente da Associação de Moradores do bairro, tendo a Justiça como observadora do termo.

Acordo permitirá o assentamento de duas mil famílias numa área prestes a ser reintegrada, ocupada há cinco anos.

Há mais cinco outros bairros formados a partir de invasões na pauta de negociações.

Ações tranqüilizadoras no seio de comunidades pobres capazes de lhes possibilitar a posse definitiva de suas casas.

Outras obras

Estádio – As obras do estádio Olímpico Municipal estão em ritmo bastante adiantado. Engenheiro responsável pela construção garante que até o final deste ano será possível fazer a primeira partida de futebol no local, com a conclusão das arquibancadas do lado direito da praça de esportes.
Cem operários trabalham no empreendimento.

 Estádio Municipal deverá ter primeira partida em novemvro de 2011. (Fotos Secom)

Pavimentação – A prefeitura de Marabá tem programação orçada para aplicar cem quilômetros de ruas, até julho de 2012. Os recursos estão garantidos. Principalmente no Núcleo Cidade Nova, algumas vias já foram pavimentadas. Dos 100 kms projetados, sabe-se que 70% serão aplicados nos bairros mais pobres.

Pista dupla da avenida Minas Gerais, no bairro Novo Horizonte: pavimentação de quase 4 km – duas pistas – em fase final. (Foto Secom)

A estrada que liga o bairro Morada Nova ao distrito de Murumuru, numa extensão de seis quilômetros, está sendo pavimentada. Segue assim a prefeitura levando asfalto até a zona rural. Três importantes vilas e distritos  já tiveram suas ruas beneficiadas. Outros cinco deverão receber asfalto até o final de 2012.

6 km de rodovia  asfaltada ligando Morada Nova ao distrito de Murumuru, na zona rural. (Foto Secom)
 

Macrodrenagem – A secretaria de Obras trabalha no processo licitatório da macrodrenagem da Grota Criminosa, que se for concluída mudará a cara de pelo menos seis Folhas problemáticas, acabando com alagamentos de residências. A obra beira a R$ 200 milhões, com parte desse valor incluída no orçamento de 2011.

Quitando fornecedores – Na secretaria de Fazenda ainda causa impacto positivo o pagamento de quase todas as pendências com fornecedores. Lá dentro trabalha-se com a certeza de que, a partir de março, a prefeitura iniciará a efetuar compras à vista.

Modo geral, a lógica entre os principais auxiliares de Maurino é de que o prefeito dará a volta por cima, credenciando-se a disputar a prefeitura em condições favoráveis.

É esperar pra ver.