Alexandre Mendes Interventor Serra PeladaEm entrevista a Lima Rodrigues, de Curionópolis, o interventor de Serra Pelada, Alexandre Mendes, admite que a atuação da mineradora Colossus, na mecanização das jazidas do garimpo chegou ao fim, aventando a possibilidade da própria Coomigasp tocar o projeto ou a entrada de uma outra empresa no processo de exploração do minério.

Alexandre Mendes comentou também as demissões de 400 funcionários da empresa canadense, atolada em dívidas e dando nítido sinais de estar  “quebrada”.

A entrevista:

 

 

Como fica a situação da Coomigasp com esta crise financeira da Colossus e a demissão de mais de 400 funcionários da mina de Serra Pelada?

Chegou o grande momento de fazermos a coisa certa. Vamos ter a oportunidade de viabilizar o projeto de forma justa para o garimpeiro, seja com novos investidores ou por conta própria.

 

Como o senhor recebeu a notícia da demissão dos funcionários da Colossus? Foi pego de surpresa?

Não foi uma surpresa porque eu já vinha acompanhando a desvalorização das ações da Colossus na Bolsa de Valores. Era previsível que se chegasse a esse ponto. Todo processo que inicia errado não chega até o fim, e assim foi a parceria entre Coomigasp e Colossus.

 

A Colossus vinha repassando normalmente o dinheiro para a manutenção e pagamento de funcionários e fornecedores da cooperativa?

O último repasse foi feito em outubro, desde então não foi feito mais nenhum pagamento na conta de consignação.

 

O que os garimpeiros podem esperar daqui para frente em relação à exploração da mina de Serra Pelada? Outra empresa entrará no lugar da Colossus?

O garimpeiro pode ter a certeza que tomaremos todas as medidas cabíveis e faremos o que estiver ao nosso alcance para conseguir a melhor alternativa de viabilidade do projeto. Não podemos e nem queremos que todo o trabalho feito até agora se perca. Independente da solução que vamos encontrar para esse momento, o importante é ressaltar que o garimpeiro estará envolvido em todas as decisões relacionadas à viabilidade do projeto.

 

O senhor pretende convocar uma assembleia geral extraordinária para discutir a situação com os garimpeiros? Quando seria?

Nesse primeiro momento, o importante é listarmos quais alternativas temos para o projeto, para depois discutirmos com os garimpeiros. Porque é claro que o garimpeiro participará diretamente nas decisões.

 

Qual o balanço que o senhor faz de sua administração até agora?

Temos um balanço muito positivo. Todas as ações designadas no termo de nomeação da intervenção já estão em andamento, como por exemplo: Já iniciamos a auditoria no cartório; fizemos levantamento do passivo da cooperativa; iniciamos auditoria financeira e contábil; estamos com uma equipe técnica de engenheiro de Minas e Geólogo atuando em Serra Pelada; estamos implantando um modelo de gestão a ser seguido nas próximas gestões, um sistema de gestão integrado; estamos avaliando a licitude de todas as dívidas contraídas pela cooperativa; encerramos com todas as delegacias, centralizando as operações no escritório de Curionópolis; implantamos um sistema online de pagamento das mensalidades; estamos analisando todos os contratos da cooperativa, começando pelo da Colossus, que de imediato entramos com uma ação de nulidade em função das várias irregularidades encontradas; fizemos um plano de redução de custos da cooperativa; implantamos ponto eletrônico para todos os funcionários; buscamos parcerias com o Governo do Estado para atuar nas questões sociais de Serra Pelada; estamos analisando toda documentação para iniciar o beneficiamento da montoeira; além de diversas outras ações de melhorias.

 

Com esta crise da Colossus, a intervenção continua ou o senhor acha que o Ministério Público pode se afastar do caso? Pessoalmente, o senhor pretende continuar como interventor?

Com certeza o Ministério Público não irá se afastar do caso logo nesse momento em que é precisa unir esforços para viabilizar de uma vez por todas o projeto Serra Pelada. Na verdade esse é o grande momento de esquecer as diferenças e as autoridades do nosso país promoverem  um mutirão para dar ao garimpeiro aquilo que é dele por direito. A classe garimpeira é formada de pessoas cansadas de lutar. Houve muita injustiça ao longo desses 32 anos, muita desigualdade. É hora de o Brasil mudar essa página de Serra Pelada e sem dúvidas darei a minha contribuição enquanto fizer parte do processo.

 

O senhor não teme uma invasão de garimpeiros ao canteiro de obras de Serra Pelada, conflito com a polícia e até mortes em breve?

Não haverá invasão porque o garimpeiro já percebeu que esse não é o melhor caminho. Além disso, a classe deposita confiança na intervenção para ajudar a solucionar essa causa. Nesse momento, precisamos da união dos garimpeiros para apresentarmos  um cenário de estabilidade para o mercado e atrair possíveis novos investidores.

Quais as providências imediatas que o senhor está tomando para resolver a situação, já que a Colossus parece que está se afastando de vez dos investimentos na mina?

Já acionamos o Governo do Estado através do MP, o qual se mostrou disponível a contribuir com o que for necessário para a viabilidade do projeto. Faremos o mesmo com quem for necessário, sejam deputados estaduais, federais, ministro de Minas e Energia e até mesmo a presidência da república, se for necessário. É hora de esquecermos as diferenças, precisamos unir esforços para darmos a solução digna e justa à Serra Pelada e para os garimpeiros da Coomigasp.

 

Qual seu apelo às autoridades brasileiras e sua mensagem aos garimpeiros neste momento tão crítico para a Coomigasp?

Para as autoridades brasileiras, informo que não temos mais tempo a esperar. A hora de dar a solução para Serra Pelada é agora. Vamos mostrar à classe garimpeira a solução. Vamos mostrar para o mundo um case de sucesso. Vamos mostrar para o mundo que o Brasil também faz justiça e que trabalha para diminuir a desigualdade social.

Canteiro Obras Serra Pelada
Canteiro de obras da Colossus, no garimpo