A importância do Estado do Pará  na cadeia produtiva brasileira foi destaque na InterCorte, evento que reuniu iniciativas em prol do desenvolvimento do setor, contando com a presença do governador Simão Jatene, parlamentares, autoridades locais – além de empresários do agronegócio.

Depois da realização do evento, durante três dias no Carajás Centro de Convenções, em Marabá, a repercussão extrapolou fronteiras.

Bom lembrar da fala do governador Simão Jatene, na abertura do InterCorte:

“No momento em que o setor produtivo se articula completamente na cadeia, constrói uma aliança e entende que é absolutamente importante que isso tenha um contraponto por parte do próprio Estado, ou seja, por parte do setor público, se cria as condições efetivas de um grande avanço”, comentou o governador.

Segundo Maurício Fraga, presidente da Associação de Criadores do Pará, a relação entre os elos da cadeia produtiva era difícil e, com a fundação da Acripará e por meio do apoio da União Nacional da Indústria e Empresas da Carne (Uniec), começaram as articulações para o desenvolvimento da Aliança Paraense da Carne. A iniciativa foi formalizada durante a abertura do evento.

Com a APC, produtores, sindicato, indústrias e supermercados assumem o compromisso de unir forças para o desenvolvimento do setor. “A atividade pecuária está presente em todos os municípios do Pará, que é o quinto maior rebanho do Brasil. Fundamos aqui a Aliança Paraense da Carne e estamos nos tornando cada vez mais parceiros. Hoje o produtor está andando junto com a indústria, com varejo e o apoio do governo. Isso é fundamental para que as coisas comecem a dar certo daqui pra frente”, afirmou Maurício Fraga.

Na oportunidade também foi apresentado o projeto Pecuariando, que visa à realização de pecuária sustentável na Amazônia. Enquanto a APC investe em difusão de tecnologia, capacitação de mão de obra, formalização do mercado e expansão da comercialização, o governo simplifica e agiliza os processos de titulação de terra e de licenciamento ambiental, criando condições favoráveis para políticas de fomento, crédito e incentivos fiscais.

Mudança de paradigmas

Projeções da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que a população mundial deve saltar de 7,6 para 8,6 bilhões de habitantes até 2030. No Brasil, sairemos de 207,6 para 228,6 milhões de pessoas. A renda per capita média mundial deve praticamente dobrar até a próxima década, fazendo crescer o consumo e exigindo, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o aumento de 50 a 70% da produção de alimentos.

Das áreas possíveis para produção, 35% estão no Brasil, predominantemente no cerrado e na Amazônia, sendo boa parte no Pará. Mas ao mesmo tempo em que temos a oportunidade de produzir mais alimentos para atender a crescente demanda é fundamental que isso seja feito com extrema responsabilidade socioambiental.

Atento a este cenário e aos compromissos assumidos pelo Brasil na agenda 2030 da ONU, o governo do Pará lançou o programa “Pará 2030”, plano de desenvolvimento econômico e social que faz parte de um projeto maior, o “Pará Sustentável”, que tem como objetivo geral reduzir a pobreza e a desigualdade no Estado – também formado pelo “Pará Social”, destinado ao desenvolvimento familiar e inclusão social, e o “Pará Ambiental”, direcionado para a sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

Entre as 14 cadeias prioritárias para o desenvolvimento do Estado no “Pará 2030” está a pecuária sustentável. O plano é colocar em prática um novo modelo de governança capaz de implementar ações de regularização fundiária e ambiental, investimentos em gestão, tecnologia, inovação, fomento e melhoria do mercado.

“É isso que o país, a Amazônia e o mundo precisam. Não dá para imaginar que com o crescimento da população mundial e da renda, que não se tenha cada vez mais necessidade de proteína animal. E, sem dúvida, a pecuária ainda vai ser um elemento importante durante um longo tempo, mas para isso nós precisamos ter a inteligência de produzir preservando. E esse esforço é um belo exemplo”, afirmou o governador Simão Jatene.

O governador ressaltou, ainda, o desafio do Estado para manter o rebanho paraense 100% livre de febre aftosa, que garante mais qualidade ao produto e a abertura de novos mercados. No domingo (20) essa conquista ganhou reconhecimento internacional com a entrega de certificação durante a 86ª Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), na cidade-sede do órgão, Paris, na França. O prestígio é fruto do trabalho desenvolvido há quase duas décadas pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará). Também receberam a certificação os estados do Amapá, Amazonas e Roraima.

Para o prefeito de Marabá, Sebastião Miranda, a união de todos os entes envolvidos neste processo e organização é fundamental para o crescimento da pecuária e, consequentemente, do Estado. “Parabenizo quando vejo a união dessa classe e o trabalho de todos. O segredo é justamente este, se organizar e participar, tendo em vista a transparência das ações”, pontuou o gestor municipal.

Ações e parcerias

O governo do Estado reforçou a segurança na região, com mais três viaturas que farão a chamada Patrulha Rural, que se somam às duas já entregues no mês de abril.”Esses veículos terão essa prioridade de fazer o policiamento em áreas mais afastadas dos centros urbanos. E vale ressaltar que nós estamos renovando toda a frota de veículos da Polícia Militar e Civil. Para se ter uma ideia são mais de 1.600 veículos, entre carros e motocicletas”, destacou o comandante geral da PM, coronel Hilton Benigno.

Ainda durante o evento, foi assinado o contrato de comodato entre a Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará (Codec) e o Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá (SPRM), de parte de um lote onde está localizado o Parque de Exposições José Francisco Diamantino, no Distrito Industrial de Marabá. A área possui mais de 55 mil metros quadrados. A outorga é válida por 20 anos. Ainda pela Codec, o prefeito Sebastião Miranda e o titular do órgão, Fábio Lúcio Costa, assinaram o termo de entrega do Guia do Investidor.

Já o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Márcio Miranda, assinou o documento que cria a Frente Parlamentar da Pecuária Sustentável no Pará. Entre os objetivos está o reconhecimento e valorização da pecuária sustentável como atividade essencial para o desenvolvimento socioeconômico e para a melhoria da qualidade de vida da população paraense. O poder legislativo concedeu, ainda, a Medalha do Mérito Legislativo “Newton Miranda” para sete personalidades do setor produtivo agropecuário que tenham contribuído direta ou indiretamente para o engrandecimento do Estado.

Na abertura do evento: Simão Jatene, Tião Miranda, prefeito de Marabá; e Márcio Miranda, presidente da AL.

InterCorte

Desde 2012, a InterCorte percorre os principais polos de produção pecuária do Brasil para levar conhecimentos, discussões e tecnologias para os pecuaristas, integrando a cadeia produtiva. Esta é a segunda vez que o Pará recebe o evento. A primeira foi em 2013, na cidade de Paragominas. As etapas de 2018 tiveram início em Cuiabá, no Mato Grosso, nos dias 12 e 13 de abril. Depois do sudeste paraense, será a vez de São Paulo, no mês de novembro, receber as discussões.

A iniciativa é promovida pelo Terraviva Eventos, do Grupo Bandeirantes de Comunicação, e faz parte do “Integrar para Crescer”, plataforma de comunicação que busca disseminar informação de qualidade. A etapa Marabá é realizada em parceria com a Acripará, com apoio do Governo do Estado, por meio da Codec, e Alepa. (Por Lidiane Sousa)