“Pode uma rosa verde continuar intacta

Mesmo que mil sargaços de outros mares lhe batam.

Pode esmeralda e a prata aplacar tanta sede

Mesmo que mil bagaços ruminemos sem data.

Cuba, libertadora rosa do Caribe,

Ilha de ar e ventania, Brilhante farol, maresia,

Espalha teu sal nas praias do mundo.”

 

 

A presença de Dilma em Cuba tem um toque diplomático e político-econômico.

Tem, também,  ar rarefeito de romantismo.

Os ventos da Revolução Cubana que tanto embalaram sonhos de milhões de jovens, no passado, também embalaram os de Dilma

O poema acima é de Luiz Carlos Lacerda.

Observem que a poesia  não sugere o açúcar (produto essencial à economia da Ilha)  mas o sal cubano como o legado da revolução.

A despeito da oposição, o sal deveria se espalhar pelo mundo.

Desde o início foi assim: a revolução cubana foi ácida e salgada, direta, objetiva, concreta.

Anunciava-se como excesso necessário.

Não por outro motivo, a imagem de seus líderes era uma composição de juventude, virilidade e abnegação.

Uma revolução declaradamente masculina.

Contudo, surpreendentemente, nos últimos anos a doçura, a diferença, o toque feminino aglutinaram-se numa voz interna de oposição ao regime. Se não de todo oposição, ao menos insatisfação de parte dos cidadãos cubanos.

O discurso de unidade e coesão persiste nas hostes governamentais e estruturas de poder formal. Foi assim na última eleição para a Assembléia Nacional do Poder Popular (ANPP), quando se reafirmou o “voto em bloco”. Mas as diferenças emergem aqui e acolá, escoando por entre os dedos do regime.

O clima de mudança é tema de conversas na Ilha. Não só pela transição iniciada pelo afastamento de Fidel, mas também pela mudança de geração dos novos dirigentes do país. Ao redor de 60% dos atuais deputados nasceram após a revolução de 59. Apenas 17% dos candidatos viveram sobre uma Cuba não socialista.

Como presidente do Brasil, Dilma coloca os pés nessa “Nova Cuba”  com seus ruídos de insatisfação social, mas declaradamente conectada  à consciência de um povo que soube enfrentar as intempéries econômicas impiedosas impostas pelo poderio norte-americano, construindo um país evoluído na Medicina e na Educação.

Ajudar Cuba a encontrar seu verdadeiro desenvolvimento econômico é uma postura que deve ser adotada pela  Presidente do Brasil, respeitando o legado construído por Lula de abrir as portas do mundo para ações humanitárias naquele belo país.