A notícia vem de Altamira.

Equipe Especial Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho identificou naquele município uma situação de trabalho escravo envolvendo um fazendeiro  de Marabá.

Mais precisamente  o pecuarista Maurício Fraga, um dos mais antigos e tradicionais fazendeiros da região, que tem propriedades em Marabá, Xinguara e em outros municípios.

Trabalhadores  do pecuarista estavam transportando a pé milhares de cabeças de gado em quatro comitivas,  de Altamira  a Xinguara.

Pelas informações iniciais, agentes do Grupo Móvel do MT encontraram várias irregularidades trabalhistas no transporte bovino.

Vaqueiros teriam sido “contratados” em Marabá, para cumprimento da tarefa.

Cada comitiva transportaria cerca de 1.500 cabeça de gado.

Como o resgate ocorreu em quatro comitivas, o volume de reses chega a 6 mil.

Conforme informação de uma autoridade de Altamira, “são situações degradantes vividas pelos trabalhadores”.

“A viagem da comitiva leva 4 meses, entre Altamira e Xinguara. O pagamento é feito apenas ao final do trajeto. Sem alojamento, sem banheiro, comida precária, risco de atropelamento nas margens da estrada, os trabalhadores são explorados vergonhosamente. O gado novo vai se criando no caminho, comendo o pasto e bebendo água dos rios e igarapés encontrados no percurso”,  conta a fonte.

A explicação para o transporte de gado por estradas, é de caráter financeiro.

Alguns fazendeiros da região costumam transportar andando pela estrada, elevadas quantidades de gado –  considerando menor despesa para logística.

Os animais são adquiridos em regiões do oeste do Pará porque os valores do kg do bezerro desmamado são mais atrativos economicamente, em média comprados a R$ 4,50 o kg.

No Sul e Sudeste do Pará, o mesmo bezerro é vendido a R$ 6,00 o quilo.,

Tocando o gado por terra, o custo do transporte das reses é significativamente menor em relação ao que se paga para alugar carretas.

Em Altamira, os trabalhadores que integravam as comitivas foram resgatados.

O pecuarista Maurício Fraga, de 89 anos, reside em São Paulo.

Os negócios da família atualmente são tocados por Maurício Fraga Filho, 50 anos, presidente da Associação dos Criadores do Estado do Pará (Acripará).