Dona Regina Célia Silva, de 53 anos, moradora da comunidade quilombola Sítio Bosque, localizada no município de Moju, no nordeste paraense, viu o sonho de seus pais, que participaram da fundação do espaço, se tornar realidade. Nesta sexta-feira (4), 85 famílias foram beneficiadas com título coletivo de terra expedido pelo Instituto de Terras do Pará (Iterpa). A entrega foi feita pelo governador do Estado, Simão Jatene.

“Nasci aqui na comunidade e vi meus pais e outros integrantes, trabalharem para o desenvolvimento do local. Minha mãe foi uma das primeiras professoras da nossa escola, que acolhe cerca de 240 alunos, e foi uma luta muito grande para chegarmos até aqui. Saí aos nove anos em busca de conhecimento e voltei aos 23, já formada, para fazer um trabalho digno com as crianças daqui. É bom saber que depois de anos, estamos conquistando nosso espaço”, relata Regina Célia, que é diretora da Escola Municipal do Bosque. “Com esse documento, poderemos ter mais benefícios na agricultura e em políticas públicas”, acrescentou. O título entregue corresponde a uma área de 1.152 mil hectares.

O governador Simão Jatene destacou o esforço do governo em realizar políticas públicas fundiárias e de terra que contemplem toda a diversidade de povos existentes no Estado. “O Pará foi um dos primeiros Estados a reconhecer a questão dos territórios quilombolas e titulá-los. Essa iniciativa pioneira teve como consequência que ainda hoje o Pará é o estado que mais regularizou áreas dos quilombolas, o que é um passo extremamente importante”, afirmou o governador.

“A questão da contribuição da raça negra para a cultura, história e formação brasileira não pode ser minimizada e o importante é que alguns grupos ainda hoje procuram preservar a sua história, a sua tradição e que são remanescentes dos quilombos. Não podemos deixar de reconhecer e fazer com isso o resgate, o pagamento de uma dívida histórica”, destacou Jatene. (Agência Pará)