Todos garotos. Aliás, guris – como gostam de ser denominados os jovens gaúchos.

Possivelmente, quem sabe, muitos deles guardavam livros em suas cartolas mágicas de sonhadores inveterados – como todo guri.

Entretanto, quanto mais rápido o tempo passa a nos engolir, mais certeza eu tenho, agora, de que, infelizmente, “os bons morrem jovens.”

Tantos jovens consumidos em labaredas, ao mesmo tempo em que ao país é imposto a obrigatoriedade de ter de conviver, diariamente, com a podridão de péssimos político septuagenários.

Uma inversão de valores que compromete a qualidade do futuro de nossos filhos e netos.

Ao morreram antes, os bons deixam saudades em corações de pais, irmãos, namoradas, amigos, vizinhos e a estranha sensação de que Deus, em momentos de cochilo, não leva a sério a sua bela e culta obra de construção da vida.

Um irreparável cochilo a merecer discussões intimas, do próprio Senhor, diante de maldade imensurável.

Como diz Renato Russo, “é tão estranho, os bons morrem jovens”, sem que haja justificava divina para a imensidão da dor.

A dor, de tão velha, mesmo assim, ainda dói.

Mergulhando no cenário de dor pontuada na casa noturna de Santa Maria, fico a imaginar como estão vendo a toda essa tragédia -, expoentes lindos da cultura gaúcha, entre muitos, o inesquecível Érico Veríssimo, pai de Luis Fernando Veríssimo; e, Moacyr Scliar, embora ausente há um bom tempo de nossas vidas, sentindo o desfalque que farão na vida de muitos -, os meninos mortos na boate Kiss, levados ao local para se deliciar com um show denominado de “Gurizada”.

Com o objetivo de atenuar pecados e realizar ao menos uma boa ação nesta existência, a quem propor oferecer a própria vida em sacrifício para que os meninos de Santa Maria retornem aos seus lares?