Um ídolo nacional deve exigir privacidade de casos amorosos mantidos ao longo dos anos sem que os pormenores cheguem à curiosidade pública? Atualmente, com tantas mídias independentes, inclusive os blogs, um artista consegue ter o controle sobre sua imagem? As perguntas surgem a propósito do processo movido contra o historiador Paulo César de Araújo, autor de Roberto Carlos em Detalhes.
O poster está lendo a biografia do Rei. Bem escrita, enriquecida por depoimentos e fatos de domínio público pesquisados pelo autor, o livro com suas 500 páginas oferece apenas o desconforto de seu tamanho fora dos padrões. De resto, a sensação é de estarmos diante de um trabalho honesto e consistente. O insuspeito Nelson Motta, especializado em música brasileira, declarou recentemente ter conversado longamente com Paulo César, considerando-o um cara sério.
Definida pelo autor como “ensaio biográfico”, a obra é importante porque nos mostra, realmente em detalhes, uma trajetória jamais percorrida por qualquer artista nacional. Roberto é único. Precursor do rock no Brasil, surge nos anos 60 rebeldes, passando pelos movimentos hippie, yuppies, cara-pintados até as tribos do You Tube, vendendo ao longo da carreira mais de 100 milhões de discos. Igual a ele, somente Sinatra.