Costumo ressaltar dois maestros soberanos da palavra: Fernando Pessoa e Machado de Assis. Esses dois me deram a régua e o compasso.

Releio-os com veneração, entusiasmo e respeito.

Não à toa são dois escritores de língua portuguesa.

Tenho admiração pelos franceses (Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Valéry, Balzac, Sthendal) e pelos latinos (Borges, Cortázar, Garcia Marquez, Vargas Llosa, Manuel Puig, Roberto Bolaño, Neruda).

Da nossa literatura são muitos. Citaria Rosa, Clarice Lispector, Jorge Amado, Dalton Trevisan, Murilo Rubião, Drummond, Bandeira, Quintana, Cecília, Lígia, Manoel de Barros, Ricardo Ramos, Rubem Fonseca, JJ Veiga, Lima Barreto…

Dá uma lista enorme.

Por isso me considero um ser apaixonado pelas palavras.

Eu sonho com elas.

Às vezes meus devaneios oníricos não possuem imagens, são apenas povoados pelo verbo.

Às vezes, aconteceu de conceber um poema durante um sonho e acordar apressado para recuperá-lo. Isso ocorre vez por outra, e é angustiante, porque nem sempre consigo me lembrar da totalidade que me aparecia e se oferecia aos sentidos.

Socorrem-me na angústia de escrever Graciliano Rosa, Fernando Pessoa, Manoel Bandeira.

Atraído quase compulsivamente pelo inusitado, convivo obcecado ante o espanto que as palavras me causam.

Talvez por isso as crônicas ganhem contornos de estranheza, que no fundo deve ser a busca daquela originalidade perdida quando os vocábulos são aprisionados em dicionários.

Um bom domingo a todos.