Foto de Tarso Sarraf
Foto de Tarso Sarraf

O Círio de Nazaré é essa massa de cores vivas, historicamente constituído em um dos mais significativos fenômenos sociais com características religiosas marcantes, em nosso tempo.

Tem uma incidência direta na vida do povo paraense, marcando seu tempo, determinando comportamentos culturais e configurando uma compreensão da experiência religiosa característica da região.

Patrimônio da Cultura Brasileira, registro auferido pelo  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, como reconhecimento de sua importância no cenário mais amplo da identidade nacional – o Círio é essa  vitalidade presente na história e nos elementos que o compõem, fazendo dele o maior evento sócio-cultural da cidade e da região.

É a maior procissão do Brasil e, segundo alguns, a maior procissão do mundo em volume de pessoas ou ainda, para os mais otimistas, o maior evento religioso do planeta, reunindo, anualmente, algo em torno de 2 milhões de pessoas.

Movimenta diferentes setores da vida da cidade de Belém e adjacências, em especial a economia, que nos setores produtivos, dispara neste período.

Segundo pesquisa do Dieese, em nível de consumo, o Círio só perde para o Natal. Segundo dados de 1999, o paraense gasta de sua renda no Círio 32% e no Natal 42%.

Mesmo sendo o Círio de Nazaré uma festa religiosa de origem e de características eminentemente católicas, 43,3% dos envolvidos nele são de outra confissão religiosa ou se declaram de nenhuma confissão religiosa.

Destes, 24,8% se declaram evangélicos, como nos mostram os dados da pesquisa realizada pelo Instituto de Pastoral Regional – IPAR, em Belém.

Os dados da pesquisa são confirmados no transcorrer do próprio Círio, com a participação de evangélicos marcando presença doando água.

A força desse fenômeno está na participação popular. Os promesseiros, romeiros e devotos são os maiores responsáveis pela sua continuação histórica e sua riqueza de significados, especialmente religiosos. Contudo, é o conjunto dos cirianos, as pessoas que tradicionalmente participam do Círio, com ou sem vínculo religioso e por motivos diversos (identidade regional, lazer, turismo, entre outros), que fazem dele um fenômeno em abrangência social e importância cultural.