Na coluna de hoje do Diário do Pará, o poster conta que a delegada Silvia Mara começou a arrumar as gavetas para deixar a Superintendência de Polícia Civil do Sudeste. Dizem até que a corajosa policial já teria encaminhado à Diretoria de Polícia do Interior seu pedido de demissão, alegando problemas de saúde. A questão, no entanto,é bem mais abaixo da linha que divide o certo e o errado.

Em verdade, há raros mocinhos nesse filme gerado na área de segurança pública. O cerne da bronca é de ordem cultural mesmo. Tudo o que se realiza de investimento na compra de armas, equipamentos, construção de prédios, é jogar dinheiro fora.

Há de se construir uma nova policia no país. Nem o Capitão Nascimento, o anti-herói com caráter, antípoda de Macunaíma, salva.

Talvez seja por isso que Capitão Nascimento incomoda. Tem postura de herói, é incorruptível, denuncia a podridão policial.

Tem caráter – mas tortura, mata, humilha, subjuga. Não oferece soluções, mas paliativos cada vez mais ineficazes.

Para desgraça maior, portanto, não adianta nem chamar o Capitão Nascimento.

Capitão Nascimento 2

Ninguém duvida da idoneidade moral do secretário de Segurança, Geraldo Araújo, um profissional com boas idéias e conceitos modernos de gestão. Mas o tempo começa a atravessar a sua administração.

Desde quando assumiu o cargo, os índices da criminalidade só tem aumentado, no Sul do Pará. Diariamente isso é sentido nas ruas e dentro de casa.

Numa amostragem superficial do cenário de desesperança regional, as duas principais autoridades da área, o próprio secretário e o delegado-geral da Polícia Civil, Justiniano Alves Júnior, jamais estiveram em Marabá – principal cidade pólo a irradiar bons e perigosos ventos para o restante da região. Em diversas reuniões promovidas pela sociedade organizada para debater a insegurança geral, nunca deram a cara para o embate – preferindo a cômoda, e, às vezes, desprezível delegação de poderes a assessores inexpressivos.

Enquanto isso, proliferam denúncias do aumento de extorsão dentro das delegacias e de casos comprovados de corrupção de policiais.

A gestão de Geraldo Araújo necessita, urgentemente, ser redirecionada. O governo Ana Júlia tem compromissos com a instituição da paz nas ruas e no lar, e essa conquista jamais será festejada caso a carruagem continue trilhando a mesma estrada.