Em rápido encontro com o deputado federal Beto Salame, em Marabá, o blogueiro registrou bate-papo com o parlamentar, questionando-o sobre algumas questões de interesse do Estado.

O bate-papo transformou-se em entrevista, a seguir publicada:

Recentemente saiu relatório de sua atuação como deputado federal, até agora, revelando o repasse de recursos aos municípios  através de seu mandato. Pode nos oferecer um resumo de quais municípios foram beneficiados com seu trabalho e o verdadeiro montante repassado, seja através de emendas de sua autoria ou de convênios conseguidos?

Já conseguimos viabilizar recursos da ordem de mais de 230 milhões de reais para dezenas de municípios do Pará. Faltam menos de 10 municípios para chegarmos com recursos a todos. Além das minhas emendas, recursos de convênios e de programas dos diversos ministérios. Para a região sul e sudeste do Pará disponibilizamos entre recursos liberados e emendas destinadas cerca de 142 milhões de reais. Todos os municípios da região foram contemplados. Faltava apenas Bannach, mas agora destinamos recursos para lá também.

 

Especificamente para Marabá, quantos recursos seu mandato disponibilizou até agora, com repasses garantidos em caixa da prefeitura ou liberação direto do governo federal?

Só para Marabá foram cerca de 16 milhões de recursos para a prefeitura e a Unifesspa, entre emendas e programas, e mais 42 milhões para a construção da Orla. Ou seja, um investimento de cerca de 58 milhões de reais para o município. Liberei recursos no BNDES da ordem de 3 milhões de reais usados na pavimentação de quase dez ruas no bairro Laranjeiras e Folha 15. Mais 1,6 milhão para o custeio da saúde em 2016. Na atual gestão do prefeito Tião Miranda lutei e consegui o reajuste do PAB Fixo que proporcionará cerca de 1,7 milhões para a atual gestão até o final do mandato. Mais 1,8 milhão para o custeio de equipes de saúde prisional. 1,1 milhão para pavimentação da rua que leva ao Lar São Vicente na folha 6. Entreguei para a prefeitura uma patrol, um caminhão caçamba e um coletor de lixo, no valor total de 1,124 milhão. Recentemente foi depositado mais 190 mil para a aquisição de uma van para transportar os pacientes de hemodiálise. Em 2017 foram depositados cerca de 240 mil para o custeio da saúde no município. Liberamos 671 mil para a construção do restaurante Universitário da Unifesspa. Mais 2,4 milhões para a Unifesspa participar do Programa de Informatização de UBS do Ministério da Saúde. Esse ano destinei emendas para Marabá no valor de 400 mil para poços artesianos. 280 mil para aquisição de uma retroescavadeira, 912 mil para pavimentação de ruas, 270 mil para iluminação do campo de futebol de Morada Nova e 400 mil para custeio da Unifesspa.

 

Seus adversários questionam sua participação da liberação desses recursos para a Orla. O que tem a dizer sobre isso?

É normal. Por isso são adversários. O ex-ministro Hélder Barbalho e o ministro Antonio de Pádua sabem da minha participação na liberação desses recursos. Está tudo documentado. Ofício, vídeos e fotos de reunião. Pronunciamento na Câmara. O dinheiro para a Orla ía sair pra Belém e Santarém. Graças à nossa participação, ao fato de Marabá ter um deputado federal, o ex-ministro Hélder se sensibilizou e atendeu nosso pedido.

 

O senhor concorda que poderia estar melhor junto ao eleitorado de Marabá caso a gestão do ex-prefeito João Salame, seu irmão, tivesse sido melhor?

O tempo vai fazer justiça ao João. Senão vejamos. Ele pegou uma prefeitura com 2 meses de salários atrasados, 10 de vale alimentação e 4 de plantões médicos. Pagou cerca de 80 milhões de dívidas. Pegou a maior crise econômica da história desse País, com queda de receitas. Enfrentou uma dura oposição do governador, que não liberou um centavo pra Marabá durante sua gestão. E mesmo assim podemos ver obras do seu governo em todos os bairros de Marabá. Em 100 anos os prefeitos fizeram 150 quilômetros de asfalto. Ele fez 182 km, com drenagem. Em 20 anos os prefeitos construíram 14 escolas. Ele construiu e reconstruiu 24, todas climatizadas. Aliás, antes dele não tinha ar condicionado nas escolas. Ele climatizou 600 salas de aula. Inclusive na zona rural. Reconstruiu os postos de saúde de Morada Nova, Liberdade, folha 33 e Laranjeiras. Reformou os centros cirúrgicos dos dois hospitais. Entregou os prédios do Caps, perto da Casa da Cultura. Ampliou de duas para 29 as equipes de saúde da família. Recuperou mais de 4 mil km de estradas vicinais. Investiu fortemente na cultura e no esporte. Sem falar que governou democraticamente, ouvindo todos, promovendo eleição direta para diretores de escola, recebendo as lideranças, dando oportunidade para os filhos da terra e sem perseguir ninguém. Erros sim, foram cometidos. Só não erra quem não governa. Mas não posso concordar que ele tenha feito um mal governo. E onde ando encontro pessoas que gostam dele. Muitas lideranças. Pessoas que estão vestindo a nossa camisa.

 

O senhor credita a que, então, o desgaste que ele sofreu no final do mandato?

O afastamento dele foi o causador de todos os grandes problemas que ele passou a enfrentar. Com a crise econômica, em 2015 as receitas despencaram. A folha da educação subiu muito. Para não deixar de pagar salários, merenda e transporte escolar, comprar medicamentos e outras despesas vitais, ele atrasou o pagamento da previdência. Visando parcelar depois, quando as coisas melhorassem. Como fazem todos os empresários e governantes. Mas ele foi o único afastado em todo o País por esse motivo. Quando ele foi afastado, no dia 5 de maio, a folha de abril dos concursados estava paga. Que corresponde a 90% da folha. Quando ele retornou, por decisão do Supremo Tribunal Federal, no dia 8 de agosto, a folha de julho não havia sido paga. Uma folha de 32 milhões e ele só encontrou 2 milhões na conta. E nenhum centavo para pagar o 13º salário. Ou seja, ele tinha mais 5 meses de governo e 7 folhas para pagar. Ainda conseguiu pagar seis. Ou seja, ele pagou duas folhas atrasadas do governo anterior e uma folha atrasada do seu vice. Mas ainda saiu como se tivesse sido ele o responsável pelo não pagamento da folha de dezembro. Isso desgastou muito. Mas aos poucos as pessoas vão percebendo a verdade. Aliás, esses dias ele promoveu uma reunião convocada em apenas dois dias e comparecerem mais de 300 lideranças. Acompanhei ele em reuniões no Km 11, bairro Araguaia e Morada Nova e percebi o carinho das pessoas com ele.

 

O seu partido, PP, é um dos que mais dão sustentação política ao governo Temer, que aparece nas pesquisas com 90% de rejeição. Você acha que esse apoio pode lhe prejudicar durante a campanha eleitoral buscando sua reeleição?

Em vários estados políticos de partidos que deram ou dão sustentação ao governo lideram pesquisas. No caso dos deputados a população quer saber se eles não estão envolvidos em nenhuma falcatrua. Eu sou ficha limpa. Querem saber se trabalham. Eu sou um dos campeões de recursos destinados ao Pará. Quer saber se eles visitam os municípios. Eu viajo a diversos municípios todas as semanas. Tenho minha consciência tranquila. Não concordei com ao afastamento da presidente Dilma e nem do Temer. Isso só traz mais crise. Mas por várias vezes votei contra os interesses do governo, por entender que eram matérias que iam contra os interesses da sociedade.

 

Como deputado federal, qual o seu posicionamento diante da decisão do governo federal determinar a Vale, como contrapartida para a renovação da concessão da Ferrovia Carajás,  que construa uma ferrovia ligando dois pontos nos Estados de Mato Grosso e Goiás, em detrimento da Ferrovia Paraense?

Essa matéria já está superada. Logo que esse fato ocorreu telefonei para o ex-ministro Hélder Barbalho, que tem muito prestígio no governo federal. Ele e o senador Jader Barbalho reuniram com o ministro Moreira Franco e resolveram o problema. Será criado um Fundo com esses recursos para serem investidos no Pará, na extensão da ferrovia Norte Sul e inclusive na duplicação da ponte sobre o rio Tocantins.