A discussão sobre a implantação da ALPA, que esteve um tanto adormecida, volta a ganhar relevância nos próximos dias. Uma articulação do deputado federal Beto Salame (PROS) conseguiu fazer aprovar na Comissão da Amazônia, da Câmara Federal, a realização de uma audiência pública, em Marabá, para debater o assunto.

A ALPA é considerada estratégica para o chamado processo de verticalização da produção mineral e, uma vez implantada, vai permitir que Marabá produza ações planos, utilizados em diversos produtos da chamada “linha branca”, como fogões e geladeiras.

Com a ALPA, Marabá e o Pará vão viver a sua “revolução industrial”. Um Polo Metal-Mecânico, reunindo diversas indústrias da cadeia produtiva do aço, será a alavanca que falta para colocar a cidade e a região entre as mais desenvolvidas do País.

A proximidade em relação às jazidas de Canaã e Carajás, a abundância de água e, principalmente, o fato de ser atendida pelos quatro modais de transporte (rodoviário, aéreo, ferroviário e aquaviário), fazem de Marabá o destino ideal para a laminação do aço.

O principal entrave para a implantação da ALPA, no que se refere à logística, é mesmo a conclusão da hidrovia Araguaia-Tocantins. Uma vez em operação plena, além de transportar grãos do Centro-Oeste, a hidrovia trará insumos para a ALPA e levará aços planos e produtos industrializados a ser escoados pelos portos de Belém ou Vila do Conde.

Mas, para concluir a hidrovia é preciso fazer a derrocagem do Pedral do Lourenção, fundamental para garantir a navegação permanente na região, obra que vem sofrendo com sucessivos adiamentos.

Sem a derrocagem, a mineradora Vale, principal acionista da ALPA, não vem demonstrando empenho em seguir na execução do projeto e, recentemente, a notícia que a mineradora está investindo em uma nova planta técnica em Pecém (CE) e que tomou um empréstimo bilionário pra integralizar esse investimento, fez crescer a desconfiança sobre o futuro da ALPA.

Por isso a Cindra (Comissão de integração nacional, desenvolvimento regional e da amazônia) vai discutir a situação das obras de construção da ALPA, em Marabá. O requerimento para a realização do debate é do deputado Beto Salame (PROS-PA) e foi aprovado na quarta-feira (1).

“As obras estão suspensas porque o governo retirou do orçamento do PAC deste ano uma hidrovia crucial à siderúrgica”, disse. “Essa paralisação deu margem ao anúncio de que o projeto da siderúrgica tinha sido transferido para o Porto de Pecém, no Ceará. Em razão da notícia, em maio deste ano, centenas de populares invadiram o terreno destinado à construção da Alpa, alegando que, se o projeto de aços laminados não for implementado, a área deveria ser utilizada ao menos para promover habitação de famílias sem teto”, explicou.

Além da usina para produzir aços laminados, o empreendimento compreende ainda um acesso ferroviário e um terminal fluvial no rio Tocantins.

“A ALPA é importante demais para Marabá e para todo o Estado do Pará. Não podemos abrir mão desse instrumento de desenvolvimento. Buscando uma solução para essa situação, tenho conversado com parlamentares de diversos partidos e com lideranças de vários segmentos e tenho percebido que todos entendem a relevância desse assunto e estão dispostos a levar à frente esta luta”, disse Beto.