Dando continuidade à entrevista feita com o candidato a deputado federal, Beto Salame (PROS), que na segunda parte do depoimento aborda temas como Desenvolvimento, Reforma Agrária, Saúde e Educação:

 

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 O sul/sudeste do Pará é rico em minérios, mas padece com a desigualdade socioeconômica. Como resolver essa contradição?

Beto- Três medidas são fundamentais. Primeiro, rediscutir a política minerária nacional, aumentando a Contribuição Financeira sobre Exploração Mineral e revendo a Lei Kandir que isenta de impostos o minério destinado à exportação. Existem diversas propostas. Precisamos discutir qual a melhor para o Pará. Em seguida, é preciso abrir a caixa-preta de taxa de mineração criada pelo atual governador. Precisamos saber exatamente quanto foi arrecadado e onde foi aplicado esse recurso. É preciso que os municípios mineradores, os mais atingidos pelos impactos causados pela mineração, sejam os maiores beneficiários dessa taxa. Por fim, é preciso investir na verticalização da produção, atraindo indústrias que transformem os minérios extraídos aqui em produtos elaborados ou semielaborados. Assim, o Pará e o Brasil estarão pagando uma dívida histórica que têm com nossa região.

Marabá espera há tempos pela conclusão da Hidrovia Araguaia-Tocantins. Vale a pena continuar essa luta?

Beto- Claro que sim. Recentemente, o Ministério dos Transportes relançou o edital para as obras de derrocamento do Pedral do Lourenção, obra avaliada em mais de 400 milhões de reais. Esse será um passo decisivo rumo ao desenvolvimento. As obras começam ano que vem, gerando algumas centenas de empregos na região, além disso com a confirmação dessa etapa, teremos a retomada das discussões sobre a ALPA, Polo Metal-Mecânico e ampliação do Distrito Industrial. Tudo isso combinado, é possível criarmos um novo ciclo de desenvolvimento para essa região, plenamente sustentável por muitos anos.

O Pará ainda é campeão em trabalho escravo e mortes em razão da luta pela terra. Como solucionar esses problemas?

Beto– É preciso coragem para enfrentar esses dois problemas. Sempre fico indignado quando tomo conhecimento de mortes e outros atos violentos em função de conflitos agrários. A melhor alternativa é lutarmos para garantir agilidade no processo de avaliação das terras que podem ser utilizadas para reforma agrária. Quanto mais rápido órgãos como Iterpa e Incra tomarem suas decisões menos sangue será derramado. Não há progresso onde existe conflito e morte. Ao mesmo tempo é preciso fortalecer a agricultura familiar, reequipando a Emater e valorizando ainda mais empresas públicas como a Embrapa, por exemplo, além de estabelecer uma política efetiva de aquisição da produção vinda dos assentamentos. Acredito que é plenamente possível fazer conviver o agronegócio e a agricultura familiar. Ambos são importantes para garantir o abastecimento da nossa mesa. Temos que avançar na discussão sobre como simplificar o licenciamento ambiental sem incentivar o desflorestamento e como melhorar a produtividade sem aumentar as áreas degradadas ou alteradas. Quanto ao trabalho escravo, é uma vergonha que isso ainda aconteça e é preciso que os órgãos de segurança e de fiscalização recebam cada vez mais estrutura para coibir essa prática, mas é bom lembrar que trabalho escravo existe até mesmo no centro da capital de São Paulo, onde imigrantes são explorados inclusive por grifes famosas.

A Educação no Pará vive um de seus piores momentos. Recentemente, o Governo divulgou os índices do IDEB e o Pará aparece nas últimas posições. Tem saída para essa crise?

Beto- Tem sim. A saída é utilizar os recursos do Pré-Sal destinados à educação para desenvolver o ensino fundamental e médio. O ensino superior, ainda que com problemas, avançou muito nos últimos dez anos. Foram 17 novas universidades criadas por Dilma e Lula, foram implantadas mais de 400 novas escolas técnicas, foi criado o ProUni e incrementado o crédito educativo para garantir o acesso do pobre e do filho do pobre às universidades. Mas, ainda estamos devendo no ensino fundamental, de responsabilidade das Prefeituras e no ensino médio, que quem cuida são os Estados.

Mas, estados e municípios sempre reclamam que faltam recursos…

Beto – Por isso é tão importante estreitar a parceria Governo Federal – Estado – Município e cobrar a ampliação em 50% dos recursos do Fundeb. Com essa verba será possível implantar as escolas de tempo integral, investir na infraestrutura das escolas, garantir merenda e transporte e, principalmente, oferecer formação e qualificação aos professores e remunerar bem os profissionais da educação. Escola estruturada, com um projeto pedagógico definido, com equipe motivada e bem remunerada são os ingredientes de uma receita de sucesso. Nossos alunos já provaram que são capazes de aprender e se desenvolver. Resta aos governos federal, estadual e municipal fazer a parte deles. Em Brasília, vou ajudar cada município que queira a ter acesso aos recursos, projetos e programas federais para desenvolver a educação. Esse é outro compromisso que já firmei com a nossa gente.

Pesquisa recente do Ibope mostra que o brasileiro considera Saúde Pública o serviço mais importante e ao mesmo tempo o que apresenta pior qualidade. Qual sua proposta para melhorar esse quadro?

Beto- Sempre que se fala em Saúde, a maioria das pessoas pensa logo em mais hospitais e UTIs. Claro, esses itens são importantes e devem ser sempre objeto de nossos esforços. Mas, é muito melhor não ficar doente para não precisar ir ao hospital. Para isso, alguns investimentos são fundamentais. É preciso investir em saneamento básico. Para cada um real investido em saneamento economizamos três reais em atendimento médico. Outro investimento necessário é no Programa Estratégia Saúde da Família. Tomando Marabá como exemplo, tínhamos duas equipes atuando até 2012. Ao final deste ano, serão 19 equipes, visitando as famílias, orientando e prevenindo contra doenças. Isso desafoga os hospitais e, principalmente, mantém a população mais saudável. Para que isso dê certo, reitero, é fundamental que as diferentes esferas de governo atuem de forma conjunta e coordenada. No Pará, infelizmente, nos últimos quatro anos, o governador virou as costas para o Governo Federal e abandonou os municípios. Chegou a hora de virar esse jogo e colocar o Pará e nossos municípios em sintonia com o Governo Federal para garantir investimentos na Saúde.

Para encerrar, qual a mensagem que você gostaria de deixar para os eleitores paraenses?

Beto – A mensagem só pode ser de agradecimento e de esperança. Agradeço a cada um que me recebeu em sua casa, a cada um que foi às centenas de reuniões que promovemos, a cada um que adesivou seu carro, que colocou um cartaz em sua casa, que já declarou seu voto ou que está pensando em me dar seu voto. Obrigado do fundo do coração. Vocês me deram a força necessária para percorrer este estado enorme e conhecer a realidade de todas as regiões. Vou levar comigo sempre o carinho desses homens e mulheres valorosos que, mesmo diante de tantas dificuldades, não cansam de trabalhar para garantir o pão e dias melhores para suas famílias. Para aqueles que estão desencantados com a política e com os políticos, peço que renovem a esperança. Estou nessa campanha para provar que é possível fazer política com ética, seriedade e compromisso, sem falsas promessas. Peço o voto de cada um para ter a oportunidade de trabalhar, na Câmara Federal em Brasília, a favor do desenvolvimento do interior do Pará e garantir melhores condições de vida para nossa gente.