Belém está respirando fé.

Em qualquer canto da cidade, a presença espiritual de Nazaré emociona e encanta.

Ao descer no aeroporto, no início da tarde deste sábado, o poster sentiu o clima  de crença fervorosa nos rostos, na ornamentação do terminal aéreo, nos gestos contritos de turistas desembarcando de todos os lugares do mundo.

É impressionante observar que a  fé acompanha absoluta abstinência à dúvida pelo antagonismo inerente à natureza destes fenômenos psicológicos e lógica conceitual. Ou seja, é impossível duvidar e ter fé ao mesmo tempo.

Acredita-se ou não.

E acreditar é uma expressão de crença, dentro da qual os legítimos valores da fé  se encontram embrionários.

No caso do Círio, a fé  é  demonstrada na luminosa certeza em Deus,   guardada no coração, fazendo-o ( o coração) repousar numa energia constante de realização divina.

Do aeroporto até nosso apartamento, cruzando a Pedro Álvares Cabral e a Doca de Souza Franco, onde moramos, observando as calçadas, veículos, janelas de casas, nas bancas dos camelôs –  a extraordinária multiplicidade de cores inspiradas na imagem de Nazaré, é possível afirmar que, conseguir a fé,  é alcançar a possibilidade de não mais dizer: “eu creio”, mas afirmar: “eu sei” , com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento.

Fé  que não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação,  pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.

O poder misterioso da crença, espraiado no período do Círio de Nazaré, cerca o coração e a alma das pessoas de algo absolutamente luminoso e belo.

No Círio, a fé se manifesta de várias maneiras e pode estar vinculada a questões emocionais, que não cabem aqui explicações, nem estaria o pôster à altura de exprimi-las.

O amor de milhões de pessoas nas ruas de Belém à imagem de Nazaré traduz a certeza na assistência de Deus,  exprime a confiança de quem  sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e  a humildade redentora edificando o íntimo do espírito.

Paz, muita paz – assim resumo o conceito pessoal que tenho do Círio.

Tenham paz no coração e muita alegria na alma, leitores queridos, em mais um período do Círio de Nazaré – a mãezinha amada dos paraenses.